Cidadãos inteligentes buscam a felicidade

Estudos feitos por pesquisadores em todo o mundo revelam que 40% da nossa felicidade é construída por atividades intencionais, ou seja, quando fazemos coisas que sabemos que nos deixam satisfeitos. Outros 10% são as condições externas, que se somam a 50% da nossa genética, também responsável pela forma como buscamos a felicidade. Em relação ao trabalho, pesquisas revelam que trabalhadores mais felizes são 108% mais engajados, 47% mais produtivos, 50% mais motivados e fecham 56% mais vendas.

Esses dados foram apresentados pelo idealizador do Congresso Internacional de Felicidade, o professor Gustavo Arns, convidado do 11º encontro do Grupo de Cidades Inteligentes (GCI), iniciativa do Programa WTC de Competitividade, do World Trade Center (WTC) Curitiba, Joinville e Porto Alegre. Com a temática “Smart Citizen”, a reunião virtual trouxe ainda a expertise de Ariane Santos, CEO da Badudesign e vice-presidente do Grupo WTC de ESG.

“Gosto bastante da definição feita pela professora norte-americana Sonja Lyubomirsky, de que felicidade é a ‘experiência de alegria, contentamento ou bem-estar positivo, combinada com a sensação de que a vida é boa, significativa e vale a pena’. A isso, acrescento ainda a contribuição do israelense Tal Ben-Shahar, de que a combinação entre o bem-estar físico, emocional, espiritual, relacional e intelectual definem o que seria a felicidade”, enfatiza Arns.

Para Daniella Abreu, presidente do WTC Curitiba, Joinville e Porto Alegre e anfitriã do encontro, objetivos variados na busca humana pela felicidade também envolvem as faixas etárias. “Essas diferenças de objetivos também perpassam as gerações. Os mais jovens não almejam tanto um diploma ou uma promoção de trabalho quanto os mais velhos, por exemplo. Ou pelo menos não limitam sua realização pessoal a essas conquistas. Observamos que essa busca varia conforme a cultura e o momento histórico em que vivemos.”

Estoicismo em alta

Segundo o especialista, o estoicismo está em alta nos últimos anos. “O movimento surgiu na filosofia grega e, essencialmente, é marcado pelo ser humano que refuta as paixões e tenta controlar as oscilações de altos e baixos, trazendo uma reflexão sobre o que temos controle de fato e o que não podemos controlar. A pandemia deixou isso muito claro pra todos nós enquanto sociedade.”

Arns reforça ainda que não temos controle sobre os fatos, mas sobre como reagimos a estes fatos. “Emocionalmente também. Não fomos preparados para lidar com as emoções. Crescemos com a ideia de que existem emoções que podemos sentir e outras não, o que nos leva a reprimir emoções que fazem parte da vida. Não acredito que a felicidade dos países nórdicos seja um modelo global, por exemplo, já que a felicidade é socialmente e culturalmente construída a partir das vivências da população de cada nação. A realidade deles é totalmente diferente.”

Engajamento e smart cities

O encontro foi mediado pelo executivo Sandro Vieira, presidente do GCI e CEO daSmartGreen Tecnologias S/A, dentro da estratégia de learning from experts (que apresenta cases de sucesso aos membros do grupo). “O engajamento dos cidadãos é o ponto chave que conecta as smart cities com esse perfil de cidadãos inteligentes. Não funcionam tentativas de copiar ecossistemas de fora, como o Vale do Silício, pois o movimento precisa ser endógeno, aflorar em cada sociedade, a partir das características de cada cidade. Isso está intimamente ligado ao movimento pela melhora na qualidade de vida e na busca pela felicidade de indivíduos e da sociedade”, pontua Vieira.

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