Expansão das telecomunicações exige capacitação profissional, alerta Feninfra

A ampliação do setor de telecomunicações, incluindo a implantação da rede 5G no Brasil, dependerá da capacitação da mão de obra especializada. Esta foi uma das principais conclusões do painel de abertura da “Feninfra Live”, webinar promovido pela Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática, nesta sexta-feira (3/09).

No debate, a presidente da entidade, Vivien Suruagy, enfatizou que o Brasil, por conta dos investimentos previstos, precisa organizar-se para suprir a demanda por profissionais capacitados. “Prevemos que serão criados mais 1,5 milhão de empregos no setor. Por isso, é fundamental termos uma grade curricular atualizada e adequada”.

Vivien ressaltou que não se pode mais desvincular a questão da mão de obra no contexto da instalação de infraestrutura de telecomunicações. De acordo com ela, o Brasil precisa estar preparado para a revolução digital que está ocorrendo no mundo, para manter a competitividade. Sua opinião foi corroborada pelo vice-presidente do Conif (Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnologia), Jefferson Magalhães de Azevedo. “Temos que formar pessoas para ajudar o Brasil a superar seus desafios”, destacou, enfatizando os avanços que estão ocorrendo nos polos de inovação, especialmente no Ceará, Minas Gerais e Santa Catarina.

O secretário de Inovação e Produtividade do Ministério de Ciência, Inovação e Tecnologia (MCTI), Paulo Alvim, reforçou que “o capital humano é o grande desafio da transformação digital”. Ele concorda que o Brasil tem que estar preparado para disputar o mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação. Por isso, a formação de profissionais será essencial.

Também presente à cerimônia de abertura, a secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Patrícia Ellen, detalhou os investimentos que o governo paulista está realizando na formação de profissionais da cadeia de ciência, tecnologia e inovação. Ela citou, por exemplo, a formação de profissionais de desenvolvimento de games como uma das mais promissoras. Por sua vez, o diretor do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), Carlos Nazaré, lembrou que a interligação de um país tão grande como o Brasil só se faz com um mercado de telecom eficiente.

Encerrando as discussões, Bruno Zitnich, da Hwawei, enfatizou que a multinacional está investindo, no Brasil, em parcerias para a capacitação no setor de telecomunicações. Ele referiu-se especificamente aos investimentos necessários para a implantação da rede 5G.

Imposto de Renda

Em outro painel do evento, foi abordada a Reforma Tributária, seus impactos e consequências. Os participantes foram unânimes em avaliar que as mudanças propostas no projeto aprovado na Câmara dos Deputados não são suficientes para resolver a questão tributária no Brasil.

Em sua fala, a presidente da Feninfra, Vivien Suruagy, destacou que uma verdadeira reforma deveria reduzir e simplificar a carga tributária e não o aposto. Segundo lembrou, o setor de telecomunicações já sofre com alta carga tributária, uma das mais altas do mundo, que compromete sua competividade.

A dirigente também defendeu a manutenção da desoneração da folha de pagamentos para as empresas da área até 2026. “Extinguir essa medida é programar o desemprego no setor”, ressaltou Vivien. A necessidade de se mantê-la também foi apoiada por Emerson Casali, da CBPI, e Ely Wettheim, diretor do Secovi-SP.

Fernando Raposo Franco, diretor da Abetel (Associação Brasileira dos Estudos Tributários das Empresas de Telecomunicações), criticou a reforma do IR aprovada pela Câmara. Para ele, há uma “falta de direção” para debater as questões tributárias no País. Uma das medidas que criticou foi o fim dos Juros sobre Capital Próprio (JCP), que, na prática, vai acabar prejudicando as empresas. Pela regra atual, o valor pago aos acionistas como JCP é dedutível para fins tributários, o que gera economia de 34% no valor de tributos a pagar sobre o montante distribuído.

O deputado federal Isnaldo Bulhões Barros Junior (MDB – AL) reconheceu que faltaram mais debates para discutir a questão do IR antes da votação na Câmara. Também defendeu que a reforma não seja realizada de maneira fatiada. “Estão vendendo gato por lebre. Reforma Tributária é uma coisa mais ampla”, afirmou. O parlamentar acredita que o texto, como foi votado, terá dificuldades para ser aprovado no Senado, que será o próximo passo.

Paulo Ricardo Cardoso, diretor da FIESP, ressaltou que o ambiente político no Brasil dificulta a discussão de uma reforma tributária mais ampla, que serviria como modelo para os próximos anos e governos.

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