3 dicas da neurociência para empresas em busca de inovação

Em um mundo cada vez mais volátil, complexo, incerto e ambíguo, como se reinventar continuamente para enfrentar os desafios profissionais? Essa é uma das indagações de Solange Mata Machado, autora do livro “Desconstruindo o Mindset e Construindo Inovação”, publicado pela editora Évora. Segundo a autora, o aprendizado contínuo é um fator essencial para a transformação. “Pensar diferente e inovar não é fácil. Requer esforço, disciplina e muita energia para criar novos aprendizados”, explica a doutora e mestre em neurociência aplicada à tecnologia.

No seu livro, Solange fala que a inovação requer dois tipos de mindset. O que entrega valor para o mercado atual e o que consegue antecipar o futuro e criar novos valores e negócios. O conceito de mindset está centrado na crença de se poder ou não alterar os traços pessoais. “No fixo, as pessoas acreditam que tais características são inatas e não podem ser alteradas. Já no crescimento, são aquelas que creem no controle e mudança dessas características, a partir do esforço”, conta a autora. Ao utilizar os dois, é possível adquirir a capacidade de olhar para o presente enquanto se pensa no futuro.

O grande desafio das empresas, de acordo com Solange, está no mindset organizacional. “Com o tempo, elas desenvolvem regras, normas e métricas desenhadas para perpetuar o modelo de negócio existente. Apesar da capacidade cognitiva dos seres humanos ser flexível, a cultura organizacional não é”, revela. O desafio está em enxergar o processo de inovação como uma prática de comportamento. Mas por onde começar a mudar nosso mindset? Confira três dicas da autora:

Crie novos hábitos

A neurociência explica que existe uma função do cérebro chamada neuroplasticidade, que além de estar relacionada com a reestruturação cerebral promovida por algum tipo de ruptura ou lesão, também é ativada pela necessidade de adquirir uma nova competência. Assim, para ocorrer a neuroplasticidade, o individuo precisa se dedicar a alguma atividade que não lhe seja familiar: será preciso criar novos hábitos. “O córtex tem capacidade plástica. Estudos realizados em atletas, por exemplo, comprovaram tais mudanças. Após intensos períodos de treino, pode-se observar um aumento de performance de habilidade motora, o que significa que adultos podem adquirir novas competências ao longo de sua vida se tiverem a persistência, a disciplina e a prática necessária para mudar os caminhos neurais”, afirma Solange.

Foco é fundamental

A informação que chega ao nosso consciente depende da nossa atenção. Em um mundo com tantas distrações, principalmente por conta dos celulares e da internet, é preciso repensar nossa forma de trabalhar e estudar. Para realmente absorver um conhecimento, a atenção tem que ser plena. “Quando prestamos atenção, dois neurotransmissores entram em cena: dopamina e noradrenalina. Para aumentar a dopamina, é importante usar várias técnicas de aprendizado diferente, como simulações, discussões em grupos e apresentações de casos reais. Já a noradrenalina é liberada durante atividades competitivas ou quando estamos sob pressão. Doses equilibradas dos dois neurotransmissores são essenciais para codificar uma informação e guardá-la”, diz Solange.

Tenha equilíbrio

O conceito explore e exploit, que em português significam explorar costuma ser um dilema para os profissionais. Escolher algo conhecido e obter algo similar (exploit) ou optar por algo que não tão familiar para explorar as possibilidades (explore)? De um lado, estão as capacidades centrais do negócio e de outro, as capacidades novas. É preciso equilibrá-las para obter um processo contínuo de inovação. “Não se trata de ter que decidir por um único caminho. É preciso maximizar o conhecimento existente ao mesmo tempo em que se busca desenvolver novos conhecimentos”, exemplifica a doutora em neurociência.

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