O Paraná deu um salto na oferta de biometano, o biocombustível que é um substituto do gás natural e de outros combustíveis fosseis, como o GLP (gás de cozinha). A Geo bio gas & carbon, empresa do Paraná pioneira no desenvolvimento da cadeia de biogás e do biometano no país, finalizou as obras de ampliação da usina de Tamboara, um investimento de R$ 45 milhões. A capacidade de produção de biometano vai passar de 1.500 Nm³/d para 36.000 Nm³/d.
“É um combustível verde que pode abastecer empresas, contribuindo para a descarbonização de importantes setores industriais”, afirma Diego Alveno, gerente de Comercialização e Trading da Geo bio gas&carbon. Em funcionamento desde 2012, essa planta foi a primeira a realizar a produção comercial de biogás em larga escala no Brasil a partir do processamento de torta de filtro, vinhaça e palha.
Hoje, o Paraná ocupa o 4º lugar na produção de biogás no Brasil e a vice-liderança em número de plantas instaladas. Pelas contas da Abiogás, o estado tem potencial de produção de mais de 2 milhões Nm³/d de biometano.
No Paraná, alguns indústrias já estão usando o biometano, em substituição a combustíveis fósseis. É o caso da AESA, empresa que fabrica peças automotivas. A empresa, que trocou o GLP – combustível fóssil – pelo biometano conseguiu evitar a emissão de 733 toneladas de CO2, desde outubro de 2022. A descarbonização da produção tem auxiliado a empresa na atração de novos clientes e na relação com instituições financeiras para obtenção de crédito.
Descarbonizar é condição para crescimento dos negócios
A ampliação da usina de Tamboara dá fôlego para que mais empresas no Estado substituam o combustível fóssil por um renovável. “Sustentabilidade é hoje um ativo relevante para qualquer segmento econômico. Descarbonizar os processos produtivos é uma condição para o crescimento do negócio. E o biometano é uma solução competitiva”, afirma Diego Alveno. A empresa tem mantido conversas com empresas de diferentes segmentos para apresentar o biometano, suas vantagens e características.
“É um produto que vem despertando bastante interesse entre empresários. O principal apelo é a possibilidade de descarbonizar seu processo produtivo e oferecer ao cliente um produto sustentável. O consumidor reconhece valor em ativos verdes”, conta Diego.
Desde a assinatura, em 2015, do Acordo de Paris, que definiu as metas de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), as mudanças climáticas estão no centro da agenda de governos, da sociedade e do setor produtivo. O Brasil é o 6º maior emissor de gases do efeito estufa, mas tem uma das matrizes energéticas mais renováveis do mundo – 45% de fontes verdes, contra 14% da média mundial-, além do imenso potencial para expandir o uso de outras fontes sustentáveis, como biogás, biometano e hidrogênio. A transição para uma economia de baixo carbono é uma realidade para todos os setores econômicos.
Até 2026, o Brasil deve ser um dos maiores produtores de biometano do mundo, de acordo com um estudo divulgado este ano pela Agência Internacional de Energia (IEA). Desde 2012, o Paraná é um dos poucos estados do Brasil a produzir esse biocombustível, obtido a partir do processamento de resíduos orgânicos.
O biogás é utilizado para geração de energia elétrica; e o biometano, uma espécie de biogás purificado, é um produtor similar ao gás natural, só que renovável. Pode ser utilizado para geração de energia elétrica, para transporte veicular, como substituto do óleo diesel, por exemplo, e como fonte de energia para indústria, além de aquecimento residencial.
Pelas contas da Abiogás (Associação Brasileira de Biogás), o Brasil deve atingir, em 2030, a produção de 30 milhões m³/dia de biometano. O volume poderia atender parte da demanda brasileira por diesel, hoje em torno de 150 milhões de m³/dia. Atualmente, o país conta com seis plantas autorizadas pela ANP a operar, com capacidade de cerca 450 mil m³/dia. Ou seja, hoje a capacidade atual de produção é inferior à 2% do potencial.
Até o final de 2024, segundo a Abiogás, deve entrar em operação um volume entre 800 mil e 1 milhão de m³/dia, alcançando 6 milhões de m³/dia até 2029, com 86 plantas de produção. Para se ter ideia, nos EUA, já existem 700 plantas em operação; e na Europa, mais de 1 mil.
Já o biogás produzido a partir de cana, tem um potencial de produzir 2.100 MW médios até 2032, o suficiente para atender 900 mil residências, segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2032) elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
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