A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) participou nesta quarta-feira, 28, de um workshop no Instituto Paranaense de Cegos (IPC), numa ação que faz parte do desenvolvimento do 1º concurso público de inovação do Paraná. A iniciativa, coordenada pela agência com a participação da Secretaria de Inovação e Transformação Digital (SEI) e da Secretaria de Desenvolvimento Social e Família (Sedef) do Paraná, busca criar bengalas tecnológicas para pessoas com deficiência visual.
O evento reuniu técnicos das secretarias estaduais, especialistas da ABDI e pessoas com deficiência visual para discutir soluções concretas e alinhadas às necessidades reais dos usuários. Durante o workshop, foram compartilhadas experiências e dificuldades enfrentadas no dia a dia por quem depende das bengalas para mobilidade e segurança.
“Vimos na ABDI um parceiro ideal, primeiro porque o presidente Ricardo Cappelli tem uma visão muito clara de ajudar os estados a inovar nas compras públicas. Foi um privilégio para o Paraná ser o primeiro estado do Brasil a desenvolver este projeto com a ABDI. Essa é uma inovação importante para levarmos soluções tecnológicas não apenas aos cegos do Paraná, mas de todo o Brasil”, destacou Alex Canziani, secretário de Inovação e Transformação Digital do Paraná.
Com um investimento previsto de R$ 3 milhões, o concurso tem como objetivo estimular o desenvolvimento de protótipos de bengalas eletrônicas equipadas com sensores, sistemas de navegação e até mesmo inteligência artificial. A proposta é oferecer soluções acessíveis e tecnologicamente avançadas, capazes de identificar obstáculos acima da linha da cintura e promover maior mobilidade e dignidade para as pessoas cegas.
“Essa iniciativa tem um alto impacto social e busca atender a uma demanda muito grande. Estamos realizando a primeira oficina com a Secretaria de Inovação do estado do Paraná, na qual executaremos o primeiro concurso de inovação nos moldes da nova Lei de Licitações e Contratos”, afirmou André Rauen, assessor especial da presidência e líder do Hubtec – Escritório de Encomendas Tecnológicas da ABDI. A expectativa é de que o edital do concurso seja lançado nos próximos meses.
A dimensão do desafio é evidenciada pelos dados apresentados por Canzian: são cerca de 50 mil pessoas cegas no Paraná e 500 mil em todo o Brasil que podem se beneficiar da inovação. “A ideia é que as bengalas tenham um custo razoável, permitindo que o próprio SUS possa disponibilizá-las para atender o Brasil como um todo”, ressaltou o secretário.
Para Enio Rodrigues da Rosa, presidente do Instituto Paranaense de Cegos, o evento representa um marco. “Esperamos que todo esse processo resulte em um protótipo inovador e viável, tanto do ponto de vista industrial quanto de distribuição, garantindo acesso a esse equipamento tão essencial para as nossas vidas”, disse.
A iniciativa também foi elogiada por Felipe Cortes, coordenador de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência: “Esse edital nacional para o desenvolvimento da tecnologia da bengala com certeza trará ótimos resultados para as pessoas com deficiência visual”, declarou.
Bruna de Castro, analista de produtividade e inovação da ABDI, também destacou a importância do workshop. “Essa ação nossa do workshop foi extremamente importante, porque pudemos ouvir diretamente o público-alvo do nosso concurso de inovação: como é a rotina, quais são as dificuldades, as dores desse público e onde podemos contribuir para a montagem desse edital. É um processo criativo, colaborativo, muito importante e que faz parte das fases do edital”, apontou.
Concurso de Inovação
O concurso, fruto do convênio entre a ABDI e o governo do Paraná assinado no final de 2024, será dividido em duas fases: a primeira focará na seleção das melhores ideias que incorporem tecnologias emergentes, enquanto a segunda fase se concentrará no desenvolvimento de protótipos e escalabilidade das soluções premiadas, preparando-as para o mercado.
A seleção segue as diretrizes da Nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021) e será gerido pelo Escritório HUBTEC da ABDI, que tem como missão prestar serviço de assessoria técnica especializada para a execução de instrumentos de compras públicas para inovação e ampliar a utilização dos instrumentos de compras públicas para inovação primando pelo desenvolvimento produtivo e tecnológico do país.
A expectativa é que as soluções desenvolvidas não apenas melhorem a qualidade de vida dos deficientes visuais, mas também inspirem outros estados a adotarem iniciativas semelhantes, promovendo uma rede de inovação e solidariedade em todo o país.
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