O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) revela que o estado do Paraná possui 71 municípios entre os 500 maiores IFDMs do país. Destes, 21 cidades compõem o ranking das 100 melhores no território nacional. A capital Curitiba e o município de Maringá, além de liderarem o ranking estadual, se situam no Top 5 do Brasil, em 3° e 4° lugares, respectivamente.
Pato Branco e os dois líderes do ranking estadual são as únicas cidades consolidadas no Top 10 paranaense desde o início da nova série histórica do IFDM em 2013. Elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) com base em dados oficiais referentes ao ano de 2023, esta edição do IFDM analisou 5.550 municípios brasileiros, que respondem por 99,96% da população.
“É inadmissível que ainda hoje, apesar da melhoria nos últimos anos, a gente tenha um Brasil tão desigual. Através do IFDM conseguimos chamar a atenção para a situação crítica de muitas cidades, que nem sequer tem quantidade razoável de médicos para atender a população, em que a diversidade econômica é tão baixa que sete em cada dez empregos formais são na administração pública. Nossos cálculos indicam que as cidades críticas têm, em média, mais de duas décadas de atraso em relação as mais desenvolvidas do país. É como se parte dos brasileiros ainda estivesse vivendo no século passado”, ressalta o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.
Criado em 2008 e atualizado neste ano com nova metodologia, o estudo é composto pelos indicadores de Emprego & Renda, Saúde e Educação e varia de 0 a 1 ponto, sendo que quanto mais próximo de 1 maior o desenvolvimento socioeconômico. Por meio dessa pontuação, é possível avaliar o município de forma geral e específica em cada um dos indicadores.
Tanto a avaliação geral quanto as análises dos indicadores são classificadas em quatro conceitos: entre 0 e 0,4 – desenvolvimento crítico; entre 0,4 e 0,6 – desenvolvimento baixo; entre 0,6 e 0,8 – desenvolvimento moderado; e entre 0,8 e 1 – desenvolvimento alto. O estudo permite, ainda, avaliação absoluta por município e ano e comparações entre cidades e anos anteriores.
A Firjan analisou o desenvolvimento socioeconômico dos 399 municípios do estado. A distribuição entre as faixas de desenvolvimento do IFDM revela um quadro bastante favorável: 9,3% dos municípios paranaenses atingiram alto desenvolvimento, o dobro da proporção nacional (4,6%), e 85,5% registraram desenvolvimento moderado. Apenas 5,3% das cidades apresentaram baixo desenvolvimento e nenhuma registrou desenvolvimento crítico.
Só atrás de São Paulo e Santa Catarina
A análise mostra que, de 2013 a 2023, o IFDM médio dos municípios paranaenses passou de 0,5717, em 2013, para 0,7055 em 2023, um avanço de 23,4%. O estado possui o terceiro maior IFDM dentre os 26 estados brasileiros, ficando atrás somente de São Paulo e Santa Catarina, e está consideravelmente acima da média nacional de 0,6067. O principal fator para a evolução foi Educação, que registrou alta de 37,2%; seguido por Saúde (+27,9%); e, em menor escala, Emprego & Renda (+8,9%). De acordo com a Firjan, esse movimento foi disseminado pelo estado: 395 dos 399 municípios evoluíram frente a 2013.
Curitiba, Maringá, Toledo, Marechal Cândido Rondon e Francisco Beltrão compõem o Top 5 paranaense. Já Mato Rico, Cerro Azul, Doutor Ulysses, São Jerônimo da Serra e Guaraqueçaba fecham a tabela debaixo. Ainda assim, nenhuma cidade paranaense está entre os 500 piores municípios do Brasil.
Entre as 10 piores colocações no estado, o município de Antonina (393º lugar) é o mais marcante por ter perdido 104 posições no ranking entre 2013 e 2023. A principal influência para a redução foi o indicador de Emprego & Renda, ao registrar queda de 17,5% frente a 2013. Como consequência, a cidade perdeu o grau de desenvolvimento moderado nessa vertente que havia obtido em 2013 e voltou a registrar grau baixo.
57 milhões de brasileiros vivem em cidades com desenvolvimento socioeconômico baixo ou crítico
O IFDM aponta que 47,3% das cidades brasileiras (2.625) ainda têm desenvolvimento socioeconômico baixo (2.376) ou crítico (249). São 57 milhões de pessoas vivendo nessa situação. Os municípios com desenvolvimento moderado são 48,1% (2.669) e aqueles com alto nível são apenas 4,6% (256). Os três mais bem avaliados pelo estudo são Águas de São Pedro (SP), São Caetano do Sul (SP) e Curitiba (PR).
A análise também mostra que 99% dos municípios analisados registraram avanço no índice geral entre 2013 e 2023. Com isso, a pontuação média brasileira no estudo é de 0,6067 ponto, referente a desenvolvimento moderado. As três vertentes do índice contribuíram para esse avanço, ainda que em ritmos distintos.
O IFDM Educação teve o maior crescimento (+52,1%), passando de 0,4166 ponto em 2013 — quando era a variável com pior pontuação — para 0,6335 em 2023, tornando-se o componente de melhor desempenho. O IFDM Saúde registrou o segundo maior avanço (+29,8%), aumentando de 0,4626 ponto para 0,6002. Já o IFDM Emprego & Renda foi o que menos evoluiu (+12,1%), mesmo com a forte recuperação pós-pandemia. Essa trajetória de desenvolvimento disseminado resultou em redução de 87,4% no número de municípios com desenvolvimento crítico, que passou de 1.978 em 2013 para 249 em 2023.
O gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, coloca que todas as regiões ainda têm cidades em situação crítica, mas que Norte e Nordeste ainda são as mais prejudicadas. Ele destaca que o estudo oferece análise detalhada para que o cenário possa ser modificado nos próximos anos. “Estamos fornecendo um quadro representativo para a formulação de políticas públicas mais eficazes e equitativas”, pontua Goulart.
Déficit na formação de professores é problema apontado pelo IFDM Educação
A Educação se destaca como a área do estudo com maior número de municípios em patamares mais elevados de desenvolvimento. No país, 56,1% das cidades (3.113) registram desenvolvimento moderado, enquanto 7,2% (401) têm alto desenvolvimento. Ainda assim, desafios persistem, pois 32,5% (1.806) permanecem na faixa de baixo desenvolvimento e 4,1% (230) apresentam cenário crítico.
O IFDM Educação foi desenvolvido para avaliar tanto a oferta quanto a qualidade da educação básica em escolas públicas e privadas, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Percentual de crianças de até três anos matriculadas em creches, adequação da formação dos professores que lecionam no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, oferta de educação em tempo integral, taxas de abandono escolar e de distorção idade-série, além do desempenho dos alunos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no Ensino Fundamental são as variáveis consideradas no indicador.
Com isso, o estudo ressalta que nos municípios com desenvolvimento crítico 57% das turmas do Ensino Fundamental não são ministradas por professores com formação adequada. Ainda que em menor proporção, municípios com alto desenvolvimento (23%) também têm esse problema. A distorção idade-série é outro ponto destacado. Estão acima da idade recomendada 40% dos alunos do Ensino Médio nos municípios críticos.
Esse número é quase cinco vezes o observado nas cidades mais desenvolvidas (8,3%). Na Educação Infantil, a análise da Firjan aponta que apenas 19% das crianças de até três anos estão matriculadas em creches nos municípios com pior desempenho, quase um terço do percentual registrado nos municípios de alto desenvolvimento (53%), onde a média supera a meta vigente do Plano Nacional de Educação (PNE).
Falta de médicos é um dos principais pontos críticos na área da saúde
A maioria dos municípios brasileiros apresenta desempenho moderado no IFDM Saúde. Do total analisado, 53,2% (2.961) registram pontuações entre 0,6 e 0,8 no indicador. Por outro lado, 39,1% das cidades (2.179) permanecem em situação de baixo desenvolvimento. Nos extremos, 5,8% (323) registram desempenho crítico e apenas 1,9% (107) tem alto desenvolvimento.
O IFDM Saúde avalia cobertura vacinal, percentual de gestantes que realizam consultas pré-natais, incidência de gravidez na adolescência, número de internações por condições sensíveis à atenção básica e por problemas relacionados ao saneamento inadequado, taxa de óbitos infantis evitáveis e quantidade de médicos disponíveis para cada mil habitantes.
A análise mostra que as cidades críticas têm, em média, apenas um médico para dois mil habitantes. Nas cidades com alto desenvolvimento são sete para cada grupo de dois mil habitantes. O estudo aponta, ainda, que são 74 internações por saneamento inadequado a cada dez mil habitantes nos municípios críticos. Nas cidades mais desenvolvidas são quatro.
Outro ponto ressaltado pelo estudo é a gravidez na adolescência. Nas cidades com situação crítica, 41% das gestações são de adolescentes, percentual mais de três vezes superior ao das cidades de alto desenvolvimento (12%). Já as internações por causas sensíveis à atenção básica representam um terço (33,2%) do total nos municípios críticos, mais que o dobro da proporção observada nas cidades mais desenvolvidas (13,7%).
Baixa diversidade econômica: nos municípios críticos, quase sete em cada dez empregos formais são na administração pública
A distribuição dos municípios brasileiros por nível de desenvolvimento do IFDM Emprego & Renda em 2023 revela cenário contrastante. Enquanto 20,3% das cidades têm alto nível de desenvolvimento nessa dimensão — a maior proporção entre as três vertentes do IFDM —, ainda há desafios significativos: um em cada quatro (25,2%) municípios apresenta um mercado de trabalho em condição crítica.
O IFDM Emprego & Renda avalia a capacidade de geração de empregos e de distribuição de renda nos municípios, levando em conta absorção da mão de obra local, diversidade econômica (indicadora de resiliência do mercado), taxa de desligamentos voluntários (reflete a mobilidade e a confiança do trabalhador), PIB per capita (medida de riqueza produzida por habitante), participação dos salários no PIB (indicadora de distribuição de renda) e taxa de pobreza (evidencia a parcela da população em situação de vulnerabilidade socioeconômica).
Nas cidades com desenvolvimento crítico no IFDM Emprego & Renda, 9,3% da população adulta possui emprego formal. Nos municípios de alto desenvolvimento nesse indicador, esse percentual é de 39,4%. O estudo também aponta que a baixa diversidade econômica nos municípios críticos é ilustrada pela alta dependência nos empregos públicos: nessas cidades, quase sete em cada dez vínculos formais (67,9%) de emprego estão na administração pública, frente a apenas 10,6% nos municípios com alta performance.
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