A mobilidade de profissionais de tecnologia, antes concentrada em grandes corporações multinacionais, tem ganhado espaço em startups e empresas de médio porte no Brasil. Segundo levantamento do Grupo Ivy, holding nacional especializada em soluções tecnológicas, a realocação de talentos de TI registrou alta de 30% no último ano. Atualmente, 4 a cada 10 contratações em TI no país envolvem realocação de profissionais, o que representa entre 50 mil e 80 mil talentos. Esse movimento é impulsionado pela combinação de escassez de especialistas, aceleração digital e busca por maior flexibilidade operacional.
Felipe Testolini, vice-presidente do Grupo Ivy, explica que essa dinâmica reflete transformações mais amplas no mercado de trabalho: “A escassez de profissionais qualificados, somada à globalização dos negócios e à adoção de tecnologias emergentes, levou empresas de diferentes portes a revisarem suas estratégias de mobilidade interna e externa. O que antes era privilégio de grandes corporações hoje é uma prática comum em startups e companhias de médio porte, especialmente as que receberam novos aportes e precisam de agilidade em funções críticas.”
Além de responder a demandas urgentes, a realocação tem se consolidado como ferramenta estratégica de desenvolvimento organizacional. Movimentações planejadas permitem que empresas ofereçam novos desafios a seus profissionais, reduzam riscos de perda de talentos e fortaleçam a cultura corporativa. “Não se trata apenas de resolver uma necessidade pontual. A realocação estratégica é um investimento em inovação, colaboração e retenção no longo prazo”, completa Testolini.
O avanço da prática, porém, impõe obstáculos. Entre os desafios estão:
- Operacionais – adaptação cultural, infraestrutura e alinhamento de expectativas entre profissionais e empresas;
- Legais e regulatórios – vistos, contratos internacionais, compliance trabalhista e questões de legislação local.
Para enfrentar essas barreiras, muitas organizações têm investido em suporte jurídico, consultoria especializada e programas de integração com foco humano, a fim de minimizar choques culturais e acelerar a curva de adaptação.
Outro aspecto relevante é a coexistência de modelos de trabalho. Apesar da popularização do home office, a realocação continua estratégica em funções críticas, projetos de inovação e operações que exigem presença física. Nesse cenário, os modelos híbridos vêm se consolidando como caminho intermediário, oferecendo equilíbrio entre flexibilidade, colaboração presencial e desempenho técnico.
O levantamento do Grupo Ivy também indica que a busca por realocação acompanha o aumento dos investimentos em transformação digital no Brasil, ampliando a necessidade de especialistas capazes de atuar em áreas de alta complexidade, como cibersegurança, integração de sistemas e governança de dados.