Projeto Amigo Estou aqui atingiu mais de 100 pessoas entre 16 e 70 anos
Dados da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) apontam que existem mais de 240 milhões de crianças com deficiência no mundo. E que, em comparação com crianças sem deficiência, crianças com deficiência têm 51% mais probabilidade de sentir-se infeliz. Portanto, promover a inclusão e desenvolver novas habilidades e aptidões da pessoa com deficiência intelectual eram os principais objetivos da ASID Brasil (Ação Social para Igualdade das Diferenças), quando surgiu a ideia do projeto Amigo Estou Aqui – Ensina Itinerante. O projeto ocorreu durante o ano de 2022 e levou três diferentes oficinas às instituições de Curitiba (PR), atingindo mais de 100 pessoas com deficiência intelectual entre 16 e 70 anos.
A ideia inicial era de oferecer oficinas on-line, pois além da pandemia de Covid-19, que afetava o mundo na época, o formato poderia englobar pessoas de instituições diferentes. Com a melhora da situação pandêmica, o que era para ser no mundo digital, passou para um modelo presencial, e acabou atingindo mais pessoas, além do público alvo inicial do projeto, fazendo a diferença no desenvolvimento pessoal de cada participante. “A sensação é indescritível. Ver que em tão pouco tempo conseguimos transmitir conhecimento e criar uma conexão tão grande com os beneficiários é incrível! A gente ia uma vez por semana em cada escola, e ver os olhos deles brilhando quando chegávamos era sensacional. Cada oficina mudou um pouco da vida de cada um, que passou a ser protagonista daquele atividade e da sua vida”, explica Fernanda Colla, líder do Projeto Amigo Estou Aqui – Ensina Itinerante.
O projeto
Seis instituições participaram do projeto e receberam oficinas em seus espaços: Escola 29 de Março, Escola Agrícola Henriette Morineau – APAE Curitiba, Escola Alternativa, Escola São Camilo, Escola Mercedes Stresser e Inclusive nas Artes. Para a equipe da ASID, a participação das escolas, por muitos momentos foi de extrema importância, principalmente a de professores, que já contavam com a confiança dos alunos.
O público-alvo foi composto por pessoas entre 16 e 30 anos e residentes de Curitiba (PR), mas acabou se estendendo para outras idades, a partir do momento em que o projeto passou a ser presencial. As oficinas foram realizadas com os mesmos grupos de alunos em todas as instituições, possibilitando um vínculo maior entre os participantes e o acompanhamento da evolução de cada um.
As oficinas
Cada instituição recebeu ao menos uma das oficinas, onde a equipe se deslocava para aplicar os conteúdos. As oficinas eram construtivas e dinâmicas, instigando a interação social entre os alunos e seus familiares.
Os conteúdos foram divididos em três temáticas: arteterapia, esportes e gestão financeira pessoal. Em Arteterapia – Arte e artista, o planejamento inicial era como usar a arte para se expressar, mas ao longo do projeto, a equipe percebeu que era muito mais do que isso. As aulas possibilitaram que os alunos pudessem falar, cantar, dançar, desenhar, entre outras formas de expressão.
Em Esportes – Inspirando saúde, a inspiração foi o Yoga, mas sempre adequando a atividade à realidade e à necessidade de cada participante. A ideia era sair de modalidades comuns, como futebol, basquete e atletismo. A atividade escolhida trabalha a concentração, alongamento, coordenação motora, força, entre outros aspectos, desenvolvendo maiores habilidades do participante.
O tema do dinheiro foi trabalhado na oficina de Finanças Pessoais, pois possuía bastante importância, mas a equipe pensava que talvez pudesse não ser muito bem aceito por ser um assunto menos lúdico. Porém, os alunos se interessaram bastante e a oficina foi uma das mais animadas e interativas devido às simulações do dia a dia sobre o uso do dinheiro.
Também aconteceu o Café das Famílias, um evento idealizado para levar aos pais e responsáveis um pouco da experiência dos beneficiários. Lá, os familiares puderam experimentar as metodologias utilizadas no projeto, conhecer pessoas de fora do círculo com que estavam acostumados e trocar experiências.
Impacto do projeto
Uma das formas escolhidas e elaborada pela ASID Brasil para mensurar o impacto das atividades foram os relatórios e portfólios. Esses materiais foram elaborados para que a instituição, os familiares e a ASID pudessem acompanhar a evolução dos participantes, bem como para que a instituição e os familiares tivessem um conhecimento sobre as atividades que estavam sendo desenvolvidas. A cada semana era desenvolvido um relatório que apontava as oficinas desenvolvidas, juntamente com imagens. O objetivo era unir a equipe aplicadora do projeto, instituição e familiares, para todos terem em mãos o que os participantes realizavam.
Os portfólios foram enviados para os familiares, sendo uma forma de terem acesso ao desenvolvimento de seus filhos, mas também uma lembrança. Neste documento, era possível acompanhar a forma que cada participante realizou as atividades, e ao final, uma consideração do ponto de vista profissional sobre o desenvolvimento de cada participante.
Ao total foram 133 pessoas inscritas, sendo 53 dentro do público-alvo. Uma pesquisa realizada com pais e responsáveis constatou que 58,4% deles tiveram uma percepção de melhora na socialização dos filhos. A maioria também acredita no desenvolvimento de novas habilidades para auxiliar no desenvolvimento da socialização.
“Desenvolver e valorizar os talentos e habilidades das pessoas com deficiência é um caminho de inclusão. É isso que a ASID desenvolve junto à sociedade, a promoção do acesso e da criação de projetos que trabalhem a autonomia e o desenvolvimento do potencial das pessoas com deficiência”, finaliza Fernanda Colla.