A Era do Profissional 4.0

Por Márcio Viana

Produtos inovadores, que são desenvolvidos de forma automatizada, com processos otimizados que aumentam a produtividade. Essa já é a realidade de muitas indústrias de todo o mundo: a indústria 4.0, ou quarta revolução industrial, que engloba tecnologia de ponta e noções de Internet das Coisas, da computação em nuvem e da robótica, chegou para ficar e já coleciona adeptos.

No Brasil, apesar da grande repercussão do tema, a implantação ainda é tímida, mas desafiadora. Segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em 2018 menos de 2% das empresas estavam inseridas nesse conceito. A expectativa é que, em dez anos, pelo menos 15% já estejam seguindo essa tendência.

As mudanças que acompanham todo esse processo têm impacto não só na forma de produção, mas no perfil dos profissionais inseridos (ou não) nesse mercado. A tendência é que, ao longo dos anos, pessoas com maior qualificação e diferentes habilidades ocupem mais espaço e tenham mais oportunidades de negócios. O profissional não ficará limitado a uma única função. Será preciso entender e fazer parte de todo o processo. Um líder, por exemplo, será responsável por todo o alinhamento das atividades e da produtividade da equipe, e não só pela quantidade de horas trabalhadas, como é feito (ou era) tradicionalmente.

Nos próximos 20 anos, de acordo com uma pesquisa realizada pela Roland Berger, mais de 200 milhões de profissionais estarão em falta para atender a essas novas demandas. Mas isso não quer dizer que eles não terão oportunidades. Para estar alinhado às necessidades do mercado, será preciso não só desenvolver novas competências, mas aprimorar as já existentes.

Isso faz parte do processo de inovação: estar capacitado para perceber novas oportunidades e estruturar novas situações, tornando os processos mais eficazes e simplificados, com bons resultados; criar novas ideias e incorporar esse conhecimento no dia-dia da empresa.

Visão multidisciplinar e contínua, flexibilidade e facilidade para se adaptar às mudanças, além do foco no resultado e na produtividade, é o que se espera desse profissional 4.0. Esse desenvolvimento pode começar na vida escolar e acadêmica, focando em ensinar aos jovens assuntos relevantes para o mercado, como inteligência artificial, Machine Learning, Big Data, programação, entre outros. Temas que geram impacto, também, na economia do País.

Enquanto não houver essa mudança comportamental, continuaremos com profissionais que só se preocupam com o salário e com o cargo, deixando de lado o foco no resultado, a real produtividade e a capacidade de assumir riscos.

* Márcio Viana é diretor executivo da TOTVS Curitiba

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Inovar é também gerenciar

Por Marcio Viana

Ter boas ideias, apesar de parecer algo raro, é mais comum do que você imagina: a cada momento pensamos em diversas soluções para os mais complicados problemas, mesmo que sejam mudanças simples. Entretanto, elas podem ser mais efetivas do que uma grande reestruturação, surtindo os resultados que vão servir exatamente para gerar a transformação que buscamos.

Nessa nuvem de novas sugestões, vemos que muito se perde por alguns motivos. Um deles é falta de confiança, que faz com que as pessoas sintam-se constrangidas em sugerir algo por pensarem que suas novas propostas são insuficientes ou até bobas. Outro ponto é o medo de tentar algo diferente, já que isso requer esforços e demanda responsabilidades pelos resultados, sejam eles quais forem. Há ainda a falta de vontade e desmotivação, que faz com que a pessoas procrastinem suas atividades e não se esforcem em busca de novas ideias e novas conquistas. Nesses casos, elas até sabem o que deve ser feito, mas não encontram ânimos para dar início a essas tarefas. Mas ainda há um outra razão, que é simplesmente a falta de gerenciamento da inovação: as ideias já existem e são reconhecidas, mas não são incentivadas a terem vida própria. Afinal, quantos projetos sensacionais você já criou em sua cabeça e que nunca nem ganharam o mundo material, sendo transcritos ou melhor detalhados?

A cultura inovadora demanda rapidez e aceitação do erro como maneiras de legitimar as tentativas. Demorar para fazer a ideia virar realidade pode fazer com que ela perca o seu diferencial e abra espaço para que a concorrência dê um passo à frente e implemente exatamente a mesma solução. Entretanto, ao não proporcionar um gerenciamento da inovação, pode-se incorrer às mesmas falhas, perdendo literalmente tempo e investimento em propostas inadequadas aos resultados pretendidos. Ou seja, em qualquer uma das opções, quem sai perdendo é a empresa.

Nem sempre é preciso apresentar um produto completo para o cliente, mas a preocupação com as funcionalidades existentes é muito importante. Na época da efemeridade e da instantaneidade, a experiência não pode ser renegada pela inovação. A primeira impressão ainda possui um peso importante nesse processo e, por isso, é importante tratar novos lançamentos e ideias com a mesma seriedade dos produtos e serviços que são a base do negócio. Se o cliente ainda não está adepto à marca, fica mais difícil suportar essas falhas e, como se sabe, pode ser que o concorrente já esteja no mercado com a mesma ideia – mas melhor estruturada.

Independentemente se é o lançamento de algo inexistente ou a melhoria do que o público já conhece, o processo de inovação, gerenciamento, mapeamento e acompanhamento do mercado tornou-se vital para elevar a performance do negócio, ainda mais em momentos de recessão e desafios econômicos. Somente assim é que as companhias poderão fazer com que o empreendimento seja sustentável, mais econômico e competitivo.

Marcio Viana, diretor executivo da TOTVS Curitiba

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