Associação Comercial do Paraná recebe Gustavo Franco. Ex-presidente do BC diz que Brasil entra em nova etapa

Foto de site da Associação Comercial do Paraná

O ex-presidente do Banco Central no governo FHC, Gustavo Franco, visitou a Associação Comercial do Paraná (ACP) e, a convite do presidente Antonio Miguel Espolador Neto, fez uma explanação sobre a atual conjuntura político-econômica aos integrantes da Diretoria Executiva (Direx) reunidos na ocasião.

Franco que veio a Curitiba para uma conferência promovida terça-feira à noite nas dependências da UFPR pelo Grupo de Estudos sobre Liberalismo e Democracia (Geld), ligado ao IDL, afirmou que o governo petista causou um desastre econômico no país, a ponto de vivermos “em 1915 e 1916 o pior biênio da história desde 1930/31, quando o Produto Interno Bruto deixou de crescer por dois anos consecutivos”.
Revelou, entretanto, a satisfação pessoal de estar “na República de Curitiba, que vai muito bem, ao passo que a República maior, a que está por cima, vai muito mal”.

“Essa grande depressão econômica”, salientou, que comparou ainda a ”uma patologia extrema, foi uma das conquistas da presidente Dilma Rousseff que deve permanecer até a eternidade, fruto da soberba e da quantidade incrível de decisões erradas”.

Com a descoberta das reservas de petróleo no pré-sal, na visão de Gustavo Franco, os governantes passaram a crer que “a exploração desse tesouro permitiria a todos a ilusão do ganho sem trabalho, ou de ficar rico sem ter merecimento”.

O resultado foi que “a Petrobras literalmente quebrou, assim como fracassou a chamada nova matriz macroeconômica baseada na falência do capitalismo, no desafio ao Consenso de Washington e na abertura econômica na direção da China”, acrescentou.

Lembrando que a crise atual começou em 2007, quando “o Brasil já não estava bem, mas conseguiu piorar”, Franco revelou que à semelhança de alguns países da Ásia passou-se a praticar o que lá é chamado de “capitalismo de capangas, de irmãos no crime ou coisa de bandidos”. Uma espécie de “economia de mercado para os apaniguados”, comparou o ex-presidente do Banco Central.

Uma das consequências ruinosas foi o petrolão, “a face mais hedionda do fracasso de um modelo político-institucional que jamais poderia acontecer num país que se julgava abençoado”, observou.

Professor de economia na PUC-RJ e autor de vários livros, Franco admitiu que “esta etapa está no fim e uma profunda reforma na economia está começando, pois o Brasil tem conserto”, indicando que a situação atual “não é tão séria quanto a de 1993, quando a inflação chegou a 40% ao mês e os bancos públicos e privados estavam quebrados”.

Ele frisou que a lógica da administração pública é buscar novos rumos, alertando que “o governo Temer terá a energia necessária para encerrar uma etapa e começar outra, contando com o otimismo e a confiança dos empresários”. Todavia, advertiu que “as coisas devem ser feitas uma de cada vez, pois nada acontece do dia para a noite”.

Com a indicação de Henrique Meirelles para a economia, cria-se a expectativa favorável de que “sem mágicas e com muita paciência teremos o fim da irresponsabilidade fiscal e das aventuras que levaram o país ao buraco”, concluiu.

A propósito da construção da terceira pista no Aeroporto Afonso Pena, o conselheiro Walmor Weiss lembrou que a ideia nasceu na ACP, há cerca de 30 anos, quando o atual vice-presidente e coordenador do Conselho Político, Sinval Lobato Machado, fez um primeiro contato com o então ministro Marco Antonio Maciel e liderou uma comitiva de empresários paranaenses que foi a Brasília, para as primeiras conversações sobre o tema com autoridades federais do setor aeroportuário.

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