A importância do compliance para os negócios – Por Maria Fernanda Teixeira

O termo Compliance, tão falado ultimamente, não pode ser encarado como só mais um termo da moda no mundo corporativo. Trata-se de uma metodologia de gestão que se não for incorporada ao planejamento estratégico da empresa pode comprometer a perenidade dos negócios. É exatamente isso que estamos assistindo diariamente nos telejornais: empresas e marcas muito tradicionais ruindo como um castelo de cartas.

Compliance também não é algo totalmente novo. O termo compliance tem origem no verbo em inglês “to comply”, que significa agir de acordo com uma regra, uma instrução interna, um comando ou um pedido. Ou seja, ser obediente.

Na prática, Compliance e´ a área responsável por incentivar e monitorar o cumprimento de leis e regulamentos no âmbito das atividades e negócios das empresas. Além disso, deve detectar e tratar ocorrências de condutas antiéticas e atos ilícitos. Por conta disso, o compliance e´, atualmente, uma das principais responsabilidades da governança corporativa, ou seja, dos conselheiros e executivos da organização.

O Brasil não é um bom exemplo quando se trata de Compliance. A desobediência tornou-se um hábito em todas as esferas da sociedade.

Para mudar isso, e´ preciso investir na mudança da cultura das organizações. No Brasil, por exemplo, investe-se por ano ate´ R$ 1 milhão em estruturas de compliance, valor baixo em comparação ao mercado mundial.

Porém, com a publicação da regulamentação da lei 12.846/13, a lei anticorrupção, por meio do decreto 8420/15 – que orienta a formulação de programas de integridade corporativa ou de ética e compliance, e´ visível o aumento do interesse das empresas em adotar programas de compliance. Acionistas, empresários e executivos finalmente se deram conta da importância da adoção de programas de ética e compliance – para eles próprios, as empresas, os colaboradores e, obviamente, para a sociedade como um todo.

Felizmente, também vem aumentando o número de pessoas que respeitam os limites éticos e legais para a obtenção de lucros e outros resultados, como, por exemplo, o aumento da participação no mercado e a eficiência das campanhas publicitárias.

E´ sempre bom lembrar que a Lei 12.846/13 criou a possibilidade de que as empresas sejam duramente penalizadas pela prática de atos lesivos a’ Administração Pública nacional ou estrangeira: corrupção, fraudes em licitações, formação de cartéis, etc. Neste sentido, ela preencheu um vazio em nossa legislação, pois, antes, apenas pessoas físicas podiam ser penalizadas.

Além de penalizações nos âmbitos administrativo e civil – que podem chegar a multas de ate´ 20% do faturamento bruto –, as empresas podem perder contratos com clientes importantes, serem impedidas de participar de concorrências e licitações e, claro, podem ter sua reputação e continuidade arruinadas.

Quanto ao modo de fazer negócios, os bons programas de ética e compliance ajudam administradores e colaboradores a compreender que uma empresa não pertence somente aos acionistas; elas são e produzem bens compartilháveis em várias medidas entre todos os seus stakeholders.

Estes programas se aplicam a todas as áreas de uma empresa, sobretudo nos aspectos éticos ligados às relações de negócios e no ambiente de trabalho. Para conseguir a aderência de toda a empresa aos programas de compliance, o primeiro passo e´ conquistar um verdadeiro comprometimento dos dirigentes que devem assumi-lo como uma de suas responsabilidades cotidianas.
Sem isso, a área de ética e compliance estará´ condenada a “cumprir tabela” no jogo empresarial e o perigo de o código de conduta não sair do papel se tornara´ altíssimo – e quando o código fica no papel, cresce o risco da organização e seus dirigentes amargarem um papelão. Infelizmente, o Brasil já está colecionando alguns.

A tecnologia também tem um papel fundamental no processo. Seu uso para implementar partes dos programas de ética e compliance, por exemplo, canais de denuncias, educação à distância e comunicação ja´ e´ uma realidade em muitas empresas.

Porém, o monitoramento da eficácia de tais programas exige um sistema complexo de indicadores, para o qual ainda não existem tecnologias adequadas. Além disso, a tecnologia mal começou a avançar em outro terreno fundamental: análise de hábitos comportamentais presentes na cultura organizacional. Mas o futuro promete…

Maria Fernanda Teixeira é CEO da Integrow, empresa especializada em diagnostico e implantação de programas de compliance e ética empresarial

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2º Seminário de Governança Trabalhista reúne empresários para a discussão da sustentabilidade empresarial

Mais do que em qualquer outra época, em períodos de crise econômica e política como os que estão sendo enfrentados pelos empresários brasileiros, que lutam pela manutenção e sustentabilidade de seus negócios, a discussão de temas com expoentes do mercado que contribuam para a troca de ideias e a busca de soluções eficientes é uma oportunidade a ser plenamente aproveitada.

É com esse objetivo que o Instituto Brasileiro de Governança Trabalhista (IBGTr) promove, no dia 10 de novembro, o 2o Seminário de Governança Trabalhista, na EBS Business School, das 8h30 às 17h30.

Especialistas no assunto, como o professor da FGV-Rio, Luiz Guilherme Migliora; o conselheiro da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Paraná (ABRH-PR), Edmar Gualberto e o advogado trabalhista Luis Fernanco Cavalari Faller, associado do escritório Becker Direito Empresarial, além de gestores da área jurídica e de recursos humanos de empresas como Renault do Brasil, Aker Soluctions, ThyssenKrupp Elevadores e Paraná Banco estarão reunidos no evento para a troca de experiência e discussão de ideias.

As palestras têm como temas: “Gestão Estratégica do Passivo Trabalhista – Como o Contencioso pode Auxiliar no Desempenho da Empresa”; “Reforma Trabalhista – Necessidades, Desafios e Perspectivas” e o “RH como Protagonista de Resultados”. O Presidente da Sociedade Brasileira de Desenvolvimento Comportamental, Marcus Ronsoni, encerrará o evento com a Palestra Magna “Protagonista Organizacional – Como ter mais pessoas com a Mentalidade de Dono”.

Concluindo o encontro, ao final das palestras os participantes são convidados a participar de um coquetel de confraternização e networking com a degustação de cervejas artesanais.

Ultrapassando as questões contábeis de uma empresa, que devem ser submetidas a rigorosos controles internos e transparência, atualmente as relações de trabalho dentro de uma organização devem ser tão monitoradas quanto qualquer operação contábil, sob pena de não se manterem saudáveis as estruturas de uma empresa e, por consequência, sua sustentabilidade no mercado. A governança trabalhista é uma prática utilizada pelas empresas para terem maior controle de seus processos, o que ajuda a reduzir o volume de ações trabalhistas, diminuir a rotatividade de funcionários e as faltas no trabalho.

A governança trabalhista leva em conta alguns pilares como recursos humanos, saúde, segurança e meio ambiente, relações sindicais, gestão de terceirizados, contencioso estratégico e preventivo estratégico. Sua aplicação faz com que aumente o grau de maturidade das empresas e auxilia no desenvolvimento e prosperidade do negócio.

Uma boa governança trabalhista pode, inclusive, melhorar a competitividade das organizações. “Qualquer empresa que tenha uma gestão de riscos eficiente e transparente tem alicerce para competir. Mas a gestão de riscos deve, obrigatoriamente, incluir a área trabalhista dentro do conceito de governança, com vários pilares de gestão da empresa coordenados entre si e com fluxos de comunicação bem definidos e sempre em prática”, destaca a Diretora Regional do IBGTr no Rio Grande do Sul, Alessandra Lucchese.

A programação completa do evento, bem como o currículo dos palestrantes, está disponível no site www.ibgtr.com.br.

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