BRDE terá mais de R$ 1,3 bilhão para financiamentos no Paraná em 2016

Cooperativa Copacol. Foto: Divulgação
Cooperativa Copacol.
Foto: Divulgação

A agência paranaense do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) tem um orçamento de R$ 1,33 bilhão para financiamentos em 2016. As contratações devem ser puxadas por projetos do agronegócio, energia e infraestrutura para municípios.

O montante previsto para este ano é superior ao orçamento inicial de 2015, de R$ 1 bilhão, que acabou sendo superado ao longo do ano pela forte procura por financiamentos, principalmente pelo agronegócio. Ao fim do ano, o BRDE fechou com o recorde de R$ 1,53 bilhão em contratações, 60% superior ao de 2014.

“O ano de 2015 foi muito bom, influenciado pela vocação econômica do Estado para o agronegócio. A meta de R$ 1 bilhão foi praticamente cumprida no primeiro semestre e aumentamos os volumes. Para 2016, apesar das incertezas do cenário econômico nacional, acreditamos que será mais um ano com volume bom de contratações” diz Paulo Cesar Starke Junior, superintendente da agência de Curitiba.

A QUEM PRODUZ – O foco para 2016, de acordo com o diretor de operações, Wilson Quinteiro, será reforçar a missão de apoio ao desenvolvimento do Estado. “Somos uma instituição de apoio para quem produz. Além do agronegócio e dos setores de energias renováveis, queremos apoiar a inovação, a infraestrutura dos municípios e também os negócios dos pequenos empreendedores”, diz.

O agronegócio deve ser, novamente, o destaque dos negócios do banco. Mesmo com a crise econômica, que vem provocando o adiamento e o cancelamento de projetos de investimentos em todo o País, o setor continua a apresentar bons resultados , embalado pela safra de grãos, avicultura e suinocultura e pelo câmbio favorável às exportações.

Pelo menos 70% das operações do BRDE no Paraná estão relacionadas, de alguma maneira, à cadeia do agronegócio. “Isso inclui desde a indústria metalmecânica que produz silos para armazenagem de grãos, ao produtor de sementes e ao pequeno aviário”, observa Starke Júnior.

PARTICIPAÇÃO – O Paraná respondeu por 45,58% das contratações e 38,7% dos desembolsos totais BRDE – que atua nos três Estados do Sul e mais o Mato Grosso do Sul – no ano passado. Foram cerca de 1,9 mil contratos no Estado.

Do total contratado no Paraná em 2015, 30% foram financiamentos a produtores rurais, operações que somaram R$ 455,1 milhões. Micro e pequenas empresas ficaram com R$ 135,4 milhões. Médias empresas, com R$ 115,5 milhões e grandes empresas, incluindo cooperativas, com R$ 824,1 milhões.

FONTES – Um dos destaques do BRDE Paraná, de acordo com Starke Júnior, foi a diversificação de fontes, trazendo para o Estado recursos da FINEP e FGTS e também operacionalizando o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) no Mato Grosso do Sul.

Do total contratado pela agência, R$ 58,5 milhões foram com recursos de FGTS, R$ 59,4 milhões com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) e R$ 18,5 milhões através de repasse da FINEP, pela linha Inovacred.

Somente em Inovação, a contratação total foi de 23,4 milhões com empresas e mais R$ 154,9 milhões com produtores rurais que investiram em modernização de instalações.

A operação de maior relevância em termos de infraestrutura foi no valor de R$ 58,5 milhões, destinada à ampliação do saneamento do Litoral paranaense. Já os maiores contratos foram para armazenagem e novas plantas industriais. Para micro e pequenas empresas foram financiados 134 projetos.

No ano passado, o BRDE lançou uma linha voltada para investimentos nos municípios e já foram contratados R$ 40,46 milhões no Paraná e mais R$ 20 milhões estão orçados para 2016.

Segundo maior repassador do BNDES no Sul

Graças ao bom resultado de 2015, o BRDE já é o segundo maior repassador de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) na região Sul, segundo ranking divulgado pelo banco nacional. Em 2015, o BRDE respondeu por 13,5% dos desembolsos na região, atrás apenas do Banco do Brasil, com 18,6%.

Em termos nacionais, mesmo com a operação concentrada no Sul, o BRDE passou da nona para a sexta colocação nos desembolsos, com 4,1% de participação. Foram R$ 2,68 bilhões, com 6.850 operações aprovadas.

“Esses bons resultados do banco, que só crescem, enquanto outras instituições financeiras estão retraindo o crédito, comprova do BRDE como importante indutor do desenvolvimento econômico e social do Sul do Brasil”, diz o diretor administrativo do banco no Paraná, Orlando Pessuti.

O avanço do BRDE no Paraná contrasta com o desempenho do próprio BNDES, que registrou queda tanto nas contratações como nos desembolsos em 2015. Os desembolsos somaram R$ 136 bilhões em 2015, 28% abaixo do observado no ano anterior. As aprovações de empréstimos caíram 47% no mesmo período, para R$ 109,4 bilhões.

Duramente afetado pela queda nos projetos de infraestrutura e o adiamento de investimentos, o BNDES também viu minguar o número de consultas, que recuaram 47% em 2015 na comparação com 2014, para R$ 124,6 bilhões. As consultas são uma espécie de “termômetro” da disposição das empresas em investir.

No Paraná, houve um aumento de 81% nas consultas em relação a 2014, ano afetado também por restrições orçamentárias. Mesmo em relação a 2013 houve um aumento de 35%. Em 2015, as consultas somaram R$ 2,9 bilhões no Paraná, das quais R$ 1,75 bilhão avançaram no processo de análise. Ao fim do ano, com mais o estoque de 2014, o banco somou R$ 1,53 bilhão em contratos.

De acordo com Paulo Cesar Starke Júnior, o desempenho de 2015 também pode ser creditado à postura mais ativa do banco na captura de clientes.

“Do total de contratações no ano passado, 55,15% vieram de prospecção ativa da agência. Fomos para a rua, estreitamos contato com o setor produtivo”, diz ao lembrar do apoio a alguns setores, como a avicultura. “Há 15 anos apoiamos esse setor. Já financiamos mais de mil aviários no Estado”, acrescenta.

Fonte: Governo do Paraná

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Fundo de investimento vai apoiar empresas de alto potencial de crescimento

O Paraná participa da criação de um fundo de investimento para apoiar novas empresas que apresentam projetos inovadores e com altíssimo potencial de crescimento e de geração de lucros em pouco tempo, mas que não possuem recursos próprios para investir, nem garantias suficientes para oferecer.

Por meio da Fomento Paraná e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), o Estado comprometeu-se em aportar recursos em um fundo de investimento em participação (FIP), que está sendo criado com apoio financeiro da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

O fundo terá capital inicial de R$ 50 milhões e será gerido pela BZPlan. A empresa, que tem sede em Santa Catarina, venceu o edital público nacional lançado pela Finep e desde 2011 administra outro fundo semelhante, no estado vizinho, com histórico de sucesso em projetos de investimento promissores.

Entre eles está a CataMoedas, uma vending machine que conta e separa moedas, e emite bônus de desconto para novas compras ou cupons para troca por cédulas em estabelecimentos como supermercados, onde pode ser instalada. A aceitação do projeto é tal que há uma grande demanda para incrementar o software e oferecer novos produtos, como venda de créditos para telefone celular, recargas de cartões de transporte, entre outras utilidades. O projeto teve apoio do BRDE.

Para o presidente da Fomento Paraná, Juraci Barbosa, o Paraná, que possui importantes ativos institucionais na área de inovação, amplia sua atuação na área ao entrar em um fundo desse tipo, equiparando-se aos estados vizinhos que já são referência no assunto.

“Dinheiro é um produto muito caro. Especialmente em um país com altas taxas de juros. Precisamos apoiar alternativas como este fundo, para viabilizar recursos mais baratos para que as empresas possam crescer e se desenvolver. O fundo será mais uma ferramenta importante para alavancar novos negócios, que se soma à nossa linha Inovacred, para financiar projetos voltados à inovação”, disse Barbosa.

Em quatro anos a Fomento Paraná firmou mais de 12,2 mil contratos e liberou R$ 242,4 milhões de reais para apoiar empreendedores da indústria, do comércio, do setor de serviços, além de pequenos agricultores, em todas as regiões do estado.

SÓCIO PARTICIPANTE — Na prática, o fundo de investimento em participação, ou fundo de capital semente, é um sócio que entra com o dinheiro e com as responsabilidades de sócio.

“O fundo terá um gestor local especializado para acompanhar a vida e todas as atividades do dia a dia da empresa financiada. E vai intervir na estratégia de compras, vendas, de marketing, formação de preços, novos projetos e tudo o mais”, explica Claudio Shigueoka, assessor de Operações do Setor Privado da Fomento Paraná.

Ainda de acordo com Shigueoka, um fundo desse tipo é importante para dar suporte a todas as instituições públicas e privadas voltadas ao fomento e à inovação no Estado.

“Fundos de investimento de grande porte sempre procuram empresas com esse perfil. Mas o investimento mínimo dos grandes fundos é muito superior ao tamanho de quase todos os projetos passíveis de financiar no Paraná, que em geral são de micro e pequeno porte”, afirma Shigueoka. “Estamos falando de empresas locais e consolidadas, com excelente perfil e potencial de crescimento rápido.”

O superintendente da agência paranaense do BRDE, Paulo Cesar Starke Junior, destacou a importância do trabalho que está em curso para a criação do fundo e lembrou que a instituição foi a maior repassadora de recursos para inovação no Brasil, em 2014. Dentro dos programas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – MPME Inovadora e Inovagro – o banco aplicou R$ 208,35 milhões em 309 contratos. E, entre os credenciados à Finep, o banco alavancou R$ 54,40 milhões para 22 projetos de investimento.

“O BRDE voltou-se para a inovação em 2014 com linhas para financiamento e aprovou a possibilidade de aportar recursos em fundos de investimento em empresas nascentes. Vamos a fundo nos estudos com o objetivo de viabilizar a ação que está sendo proposta”, disse Starke.

O projeto de implantação do fundo prevê quatro anos de investimento nas empresas escolhidas e outros quatro anos para desinvestimento, que é a venda da participação do fundo na empresa apoiada.

Os recursos desse fundo devem ser suficientes para apoiar pelo menos oito empresas, que estejam em fase de produção e de mercado. “Para atender à exigência do edital da Finep, estamos buscando aporte de investidores privados paranaenses num total de pelo menos R$ 10 milhões, que completam os recursos previstos para a constituição do fundo e poderão ser investidos em projetos locais. Os investidores sabem perfeitamente das possibilidades de retorno aplicando nesse tipo de fundo, onde o papel do gestor é decisivo para o seu sucesso.”, afirma Marcelo Ferrari Wolowski, diretor da BZPlan.

Fonte: Agência Estadual de Notícias

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Onde estão os recursos da inovação no Brasil?

Por Rafael Levy

O Governo Federal anunciou na última semana o lançamento de um pacote de R$ 32,9 bilhões para a inovação no país, o Inova Empresa, que terá duração de dois anos. A alta cifra levanta questionamentos sobre o estado da inovação no Brasil e os caminhos que o poder público tem encontrado para fomentá-la. O plano, que seria uma oportunidade para propor uma reforma ampla de gestão, basicamente se resume a injetar um volume maior de recursos nas linhas de trabalho já existentes. Atualmente, o Brasil concentra sólida produção científica e a indústria tem realizado mais pesquisa e desenvolvimento (P&D). Os resultados mostram, porém, que é importante investir também em outras frentes.

Em 2011, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) declarou em seu relatório de gestão que dedicou R$ 3 bilhões à inovação. Desse montante, foi aplicado R$ 1,7 bilhão em operações de crédito para P&D nas empresas e R$ 1,1 bilhão nas instituições científicas e tecnológicas. Os outros R$ 200 milhões foram fornecidos como subvenção – o chamado financiamento a fundo perdido, pelo qual as empresas recebem dinheiro para investir em P&D sem a obrigação de devolvê-lo à agência. Já o relatório mais recente do Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES) indica o aporte de R$ 2,2 bilhões em empresas em 2012 por meio de diferentes linhas de financiamento.

Parcela importante dos mecanismos que hoje movimentam a inovação está nas regulações setoriais (Lei da Informática no setor de tecnologia da informação e comunicação, regulamentação da Aneel no setor elétrico, Inovar Auto na indústria automobilística e regulamentação da ANP para o setor de óleo e gás), segundo as quais as empresas de áreas estratégicas têm a obrigação legal de dedicar percentuais mínimos às atividades de P&D. Juntos, esses setores somam cerca de R$ 3,5 bilhões anuais. Também com foco em P&D industrial, por meio da Lei do Bem, o Governo Federal abriu mão de R$ 1,4 bilhões em arrecadação de impostos das empresas em 2011.

É importante notar que esses valores mostram que os investimentos públicos em inovação têm focado prioritariamente nas atividades de pesquisa nas universidades e no aumento da P&D industrial. Porém, está cada vez mais clara a necessidade de ampliar o espectro. Hoje em dia, já se sabe que algumas das mais importantes inovações não ocorrem pela criação de novos produtos, mas pelo surgimento de modelos de negócios inovadores, por exemplo.

O lançamento do pacote pelo Governo Federal nesse contexto torna ainda mais relevante a reflexão sobre se a medida será capaz de aperfeiçoar o modelo brasileiro de incentivo à inovação ou se irá se restringir a aumentar o volume de recursos, sobrecarregando a capacidade operacional das agências. Esse aspecto torna-se crítico, uma vez que boa parte das iniciativas bilionárias já criadas anteriormente tiveram falhas na implementação, não atingindo as expectativas e apresentando resultados questionáveis.

Por exemplo, em 2009 foi anunciado R$ 1,4 bilhão para o Primeira Empresa Inovadora (Prime) com objetivo de investir em novos negócios inovadores. Na prática, a execução orçamentária não chegou a 12% do esperado, ficando em cerca de R$ 160 milhões, e o programa foi extinto logo em seu primeiro ano.

Já o programa de subvenção econômica, que desde 2006 vinha oferecendo anualmente de R$ 400 milhões a R$ 500 milhões de recursos não reembolsáveis diretamente para as empresas, foi descontinuado em 2012. A iniciativa atingiu recordes de demanda por parte das grandes empresas, mas parece ter sido extinto, estando limitado agora ao Tecnova, cujo foco é nas pequenas empresas.

Também no que se refere a incentivos fiscais, pode-se ver uma estagnação na evolução do programa. O valor total de investimentos em P&D incentivados caiu 20% entre 2010 e 2011 e não cresce desde 2008. Além disso, o mecanismo vem encontrado dificuldades em se adequar a formas diferentes de inovar além da P&D industrial. No último relatório de uso dos incentivos fiscais da Lei do Bem, nenhuma operadora de telecomunicações teve sua prestação de contas aprovada, mostrando que o governo ainda não reconhece os esforços do setor de serviços.

O caso do Ciência sem Fronteiras também reforça a preocupação de que a injeção de recursos em órgãos funcionais seja compatível e promova um ganho efetivo para o modelo de financiamento da inovação. Com previsão de R$ 5 bilhões de investimento até 2015 em 101 mil bolsas, o programa tem exigido que Capes e CNPq estabeleçam parcerias com empresas e entidades privadas para promover intercâmbios de excelência não só acadêmica. Essas parcerias (com Petrobras, Febraban, Vale, CNI, Natura e O Boticário, dentre outros) concentram 26 mil bolsas, mas ainda engatinham para efetivamente integrar pesquisadores acadêmicos e empresas. No esforço de cumprir as metas, o que se tem observado é a redução de exigências para os candidatos, como conhecimento do idioma estrangeiro, e a inclusão de universidades estrangeiras com índices acadêmicos inferiores.

Pelo plano Inova Empresa, a gestão dos recursos federais para inovação passa a se dividir em editais por setores: petróleo e gás; etanol; energias renováveis; defesa e aeroespacial; saúde; e tecnologia da informação e comunicações. O Inova Empresa acerta na medida em que se propõe a integrar os mecanismos para simplificar o acesso da empresa à inovação e descentralizar a demanda das pequenas empresas, facilitando a operação da Finep. Porém, ao optar por manter as mesmas estruturas de programas anteriores (crédito, parceria com universidades e subvenção para a contratação de pesquisadores), apenas agrupando-os em chamadas setoriais, acaba não criando mudanças substanciais. Resta saber se dessa vez teremos uma iniciativa implementada conforme o anunciado e com resultados satisfatórios para o governo e para o setor empresarial.

Rafael Levy é sócio e consultor em inovação pela Allagi e diretor do Open Innovation Center – Brasil

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