Com mobilização em Curitiba, paranaenses dizem não ao aumento de impostos

Cerca de 2 mil pessoas passaram, na manhã deste domingo (13), pela mobilização que lançou no Paraná a campanha “Não Vou Pagar o Pato”. A manifestação, realizada na Boca Maldita, no calçadão da Rua XV de Novembro, em Curitiba, contou com a presença de lideranças de diversas entidades representativas do Estado, que se posicionaram contra o aumento de impostos e pela melhor utilização dos recursos públicos. Durante o evento, em que um pato inflável de 12 metros de altura foi colocado no local, foram distribuídos à população panfletos que mostram o peso da carga tributária sobre diversos produtos, adesivos que divulgam o site da campanha – onde é possível aderir ao manifesto do movimento – e também “patecos” infláveis.

O presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, destacou que a sociedade não tem mais condições de bancar o crescimento constante dos gastos públicos. “Com esse movimento, estamos mostrando à população que a carga tributária é muito alta. Os governos arrecadam demais, mas devolvem muito pouco à sociedade”, disse. “Pagar impostos é normal em qualquer país para manter os serviços públicos, mas o que a gente não pode é aceitar que, a cada vez que os governos gastem demais, recorram ao aumento da carga tributária. Estamos aqui dizendo que não queremos mais pagar este pato”, acrescentou. Ele ressaltou ainda o forte impacto que o peso dos impostos está tendo sobre o setor produtivo neste período de crise econômica, o que tem resultado em demissões na maioria dos segmentos.

Iniciada em setembro, por iniciativa da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), a campanha está se espalhando pelo país. O pato gigante, símbolo do movimento, já esteve em cidades do interior paulista e Baixada Santista, além de Brasília, Rio de Janeiro e Salvador. Até este domingo, mais de 1 milhão de pessoas já assinaram o manifesto contra o aumento de impostos, disponível no site www.naovoupagaropato.com.br. Para Campagnolo, apenas com pressão popular será possível forçar os governos a mudarem a forma como gastam o dinheiro dos tributos. “O que está acontecendo no Brasil é fruto da nossa omissão. Precisamos nos unir e participar mais da vida política do país”, afirmou.

A opinião foi compartilhada por inúmeras lideranças presentes na mobilização. “Esta é uma grande oportunidade que temos de demonstrar nossa insatisfação com tudo o que está acontecendo no país”, disse o presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Antonio Miguel Espolador Neto. Ele destacou que o Impostômetro, painel que informa o quanto de impostos já foi arrecadado no ano em todo o Brasil, deve ultrapassar a marca de R$ 2 trilhões em 2015. “Mas não vemos esse dinheiro sendo investidos para termos infraestrutura, educação, saúde e segurança adequadas. Por isso temos que estar cada vez mais vigilantes e não permitir mais aumentos de impostos”, declarou.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR), José Eugênio Gizzi, também ressaltou a necessidade de uma participação mais ativa da sociedade nas decisões sobre os rumos do país. “Não podemos mais nos omitir e deixar as decisões ao gosto de governantes que não têm compromisso com o país. Temos que participar mais, senão essa conta sempre será nossa”, disse.

Já o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Paraná (Sinditêxtil-PR), Nelson Furman, considera que é importante conscientizar a população sobre a quantidade de tributos que cada cidadão paga ao comprar qualquer produto ou contratar um serviço. “As pessoas não têm noção de quanto pagamos de impostos. Não temos mais condições de sustentar uma carga tributária tão alta. Se esse dinheiro fosse revertido em educação e saúde de qualidade, até seria justo, mas não é o que acontece”, afirmou.

Indignação – Entre as pessoas que estiveram na Boca Maldita para apoiar a manifestação, o sentimento era de indignação. “Estamos virando escravos dos impostos”, declarou a aposentada Vera Lúcia Kawiatkowski. “O que eu entendo é que eles (governantes) fazem a festa e nós pagamos o pato”, acrescentou.

O também aposentado Bento Sartori de Camargo ressaltou que ninguém pode ser contra o pagamento de impostos. “Mas exigimos um retorno adequado de nossos gestores públicos”, disse. “Hoje nós pagamos muito imposto e temos um retorno medíocre.”

Já o comerciante Charles Salomão disse que a campanha é importante para mostrar aos gestores públicos que a população está atenta ao que ele classifica como “absurdos” cometidos principalmente contra o comércio e a indústria do país, o que vêm prejudicando o cenário econômico. “Todo mundo precisa se unir nessa hora para a gente sair desse buraco em que estamos”, declarou.

Fonte: Agência FIEP

Compartilhar