Inovar é também gerenciar

Por Marcio Viana

Ter boas ideias, apesar de parecer algo raro, é mais comum do que você imagina: a cada momento pensamos em diversas soluções para os mais complicados problemas, mesmo que sejam mudanças simples. Entretanto, elas podem ser mais efetivas do que uma grande reestruturação, surtindo os resultados que vão servir exatamente para gerar a transformação que buscamos.

Nessa nuvem de novas sugestões, vemos que muito se perde por alguns motivos. Um deles é falta de confiança, que faz com que as pessoas sintam-se constrangidas em sugerir algo por pensarem que suas novas propostas são insuficientes ou até bobas. Outro ponto é o medo de tentar algo diferente, já que isso requer esforços e demanda responsabilidades pelos resultados, sejam eles quais forem. Há ainda a falta de vontade e desmotivação, que faz com que a pessoas procrastinem suas atividades e não se esforcem em busca de novas ideias e novas conquistas. Nesses casos, elas até sabem o que deve ser feito, mas não encontram ânimos para dar início a essas tarefas. Mas ainda há um outra razão, que é simplesmente a falta de gerenciamento da inovação: as ideias já existem e são reconhecidas, mas não são incentivadas a terem vida própria. Afinal, quantos projetos sensacionais você já criou em sua cabeça e que nunca nem ganharam o mundo material, sendo transcritos ou melhor detalhados?

A cultura inovadora demanda rapidez e aceitação do erro como maneiras de legitimar as tentativas. Demorar para fazer a ideia virar realidade pode fazer com que ela perca o seu diferencial e abra espaço para que a concorrência dê um passo à frente e implemente exatamente a mesma solução. Entretanto, ao não proporcionar um gerenciamento da inovação, pode-se incorrer às mesmas falhas, perdendo literalmente tempo e investimento em propostas inadequadas aos resultados pretendidos. Ou seja, em qualquer uma das opções, quem sai perdendo é a empresa.

Nem sempre é preciso apresentar um produto completo para o cliente, mas a preocupação com as funcionalidades existentes é muito importante. Na época da efemeridade e da instantaneidade, a experiência não pode ser renegada pela inovação. A primeira impressão ainda possui um peso importante nesse processo e, por isso, é importante tratar novos lançamentos e ideias com a mesma seriedade dos produtos e serviços que são a base do negócio. Se o cliente ainda não está adepto à marca, fica mais difícil suportar essas falhas e, como se sabe, pode ser que o concorrente já esteja no mercado com a mesma ideia – mas melhor estruturada.

Independentemente se é o lançamento de algo inexistente ou a melhoria do que o público já conhece, o processo de inovação, gerenciamento, mapeamento e acompanhamento do mercado tornou-se vital para elevar a performance do negócio, ainda mais em momentos de recessão e desafios econômicos. Somente assim é que as companhias poderão fazer com que o empreendimento seja sustentável, mais econômico e competitivo.

Marcio Viana, diretor executivo da TOTVS Curitiba

Compartilhar

Projeto de estudantes curitibanas é selecionado para Feira Brasileira de Ciências e Engenharia

A utilização de técnicas de biotecnologia para reduzir o impacto ambiental causado pelo descarte incorreto de resíduos líquidos urbanos originou um projeto desenvolvido por estudantes do 8º ano do Colégio Positivo. O estudo conquistou o primeiro lugar na Mostra de Soluções para Uma Vida Melhor, que expõe experimentos científicos de diferentes áreas do conhecimento, e foi selecionado para representar a instituição de ensino na edição 2018 da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), movimento nacional de estímulo ao jovem cientista.

Isadora Penkal Franco e Laura Silva Schaffrath, autoras do estudo “Biorremediação de óleo vegetal por meio de Microesferas bacterianas”, demonstraram a eficácia da utilização de consórcios bacterianos para a degradação do óleo vegetal. Mais de 200 milhões de litros de óleo vegetal são descartados mensalmente nas pias das cozinhas domésticas do Brasil, tendo como destino rios e lagos, provocando sérios prejuízos para o meio ambiente. Um litro de óleo, por exemplo, pode poluir cerca de um milhão de litros de água, o equivalente ao que uma pessoa consome, em média, em 14 anos de vida.

O projeto

Sob a orientação das professoras Flávia Amend Gabardo, do Colégio Positivo, e Leila Maranho, da Universidade Positivo (UP), as estudantes pesquisaram sobre produtos biológicos que tivessem a propriedade de degradar, de forma rápida e simples, resíduos líquidos provenientes das residências. A ideia de elaborar esse projeto surgiu após visitas dos alunos do Clube de Ciências do Colégio Positivo aos laboratórios de Biotecnologia da UP. Nesses encontros, Isadora e Laura se encantaram com o trabalho de mestrado da professora Suellyn Homan, também do Colégio Positivo, sobre a utilização de microcápsulas de bactéria para descontaminação ambiental por petróleo, por meio do processo de biorremediação. E decidiram experimentar a mesma técnica para a degradação do óleo vegetal.

A professora Leila explica que a biorremediação é uma tecnologia que trata ambientes contaminados utilizando agentes biológicos com capacidade de modificar ou decompor poluentes alvos. Essa técnica é considerada barata, limpa e ecológica, já que não deixa resíduos e nem causa nenhuma alteração no equilíbrio ambiental. A organização dos microrganismos em microesferas facilita sua aplicação, evitando o risco de haver algum tipo de contaminação e permitindo que haja a liberação controlada, potencializando a biorremediação do resíduo. Os microrganismos degradadores ficam envolvidos por duas camadas, que além de protegê-los, irão manter o formato da microesfera. Ao entrar em contato com um meio aquoso, a microesfera é reidratada e iniciará o processo de liberação dos microrganismos degradadores.

Nos experimentos que foram realizados no laboratório da Universidade Positivo e Colégio Positivo, as alunas selecionaram quatro consórcios de microrganismos (bactérias) que seriam possivelmentecapazes de degradar óleo vegetal, visando reduzir os prejuízos sociais e ambientais causados pelo descarte incorreto deste resíduo. Um dos consórcios demonstrou alto potencial de degradação do óleo, podendo gerar um produto que pode ser facilmente comercializado. Isadora e Laura estão muito satisfeitas com o resultado dos experimentos e também porque o projeto será apresentado numa feira tão importante, como a Febrace. “No momento que recebi a notícia foi um pouco difícil acreditar que nosso estudo foi selecionado. A nossa aprovação foi uma surpresa. Estou extremamente feliz e a oportunidade que nós temos de representar o Clube de Ciências e o Colégio Positivo é muito gratificante”, orgulha-se Laura. “Este projeto representa um aprendizado que, com certeza levarei para vida toda”, conta.

Para Isadora, estar na Febrace representa uma grande troca de conhecimento, que contribuirá muito para o projeto, pois a feira deve abrir muitas portas em relação ao futuro no campo da pesquisa científica. “Acredito que o trabalho ajudará muito o meio ambiente e a sociedade, pois o óleo de cozinha causa diversos danos como, por exemplo, a morte de seres aquáticos”, adverte. “Atualmente, não existe nenhuma forma correta para o descarte do óleo e, por meio do nosso projeto, o resíduo pode ser facilmente tratado, evitando problemas na natureza”, observa.

Potencial reforçado

A professora Flávia afirma que sempre acreditou no potencial das meninas, mas confessou que foi uma surpresa a participação na Febrace. “Fomos avisadas da dificuldade que seria estar numa banca com 15 projetos muito importantes, dos quais nossa equipe era composta pelas alunas mais novas – as únicas que não entram no Ensino Médio em 2018. Assim que recebi a notícia, fiquei realmente emocionada, pois sei de todo o nosso esforço para que o trabalho fosse concluído com sucesso”. Da concepção da ideia ao resultado foram seis meses de trabalho.

Flávia afirma que os alunos do Clube de Ciências normalmente já possuem o diferencial de serem mais questionadores e interessados em estudos científicos, mas que Isadora e Laura são alunas com um enorme potencial. “O que fiz foi somente ajudá-las a conduzir essa capacidade para um feito maior. Elas são muito estudiosas e focadas – o que faz toda a diferença quando estamos falando em pesquisa”, ressalta a professora.

Compartilhar

Associação Comercial do Paraná recebe Gustavo Franco. Ex-presidente do BC diz que Brasil entra em nova etapa

Foto de site da Associação Comercial do Paraná

O ex-presidente do Banco Central no governo FHC, Gustavo Franco, visitou a Associação Comercial do Paraná (ACP) e, a convite do presidente Antonio Miguel Espolador Neto, fez uma explanação sobre a atual conjuntura político-econômica aos integrantes da Diretoria Executiva (Direx) reunidos na ocasião.

Franco que veio a Curitiba para uma conferência promovida terça-feira à noite nas dependências da UFPR pelo Grupo de Estudos sobre Liberalismo e Democracia (Geld), ligado ao IDL, afirmou que o governo petista causou um desastre econômico no país, a ponto de vivermos “em 1915 e 1916 o pior biênio da história desde 1930/31, quando o Produto Interno Bruto deixou de crescer por dois anos consecutivos”.
Revelou, entretanto, a satisfação pessoal de estar “na República de Curitiba, que vai muito bem, ao passo que a República maior, a que está por cima, vai muito mal”.

“Essa grande depressão econômica”, salientou, que comparou ainda a ”uma patologia extrema, foi uma das conquistas da presidente Dilma Rousseff que deve permanecer até a eternidade, fruto da soberba e da quantidade incrível de decisões erradas”.

Com a descoberta das reservas de petróleo no pré-sal, na visão de Gustavo Franco, os governantes passaram a crer que “a exploração desse tesouro permitiria a todos a ilusão do ganho sem trabalho, ou de ficar rico sem ter merecimento”.

O resultado foi que “a Petrobras literalmente quebrou, assim como fracassou a chamada nova matriz macroeconômica baseada na falência do capitalismo, no desafio ao Consenso de Washington e na abertura econômica na direção da China”, acrescentou.

Lembrando que a crise atual começou em 2007, quando “o Brasil já não estava bem, mas conseguiu piorar”, Franco revelou que à semelhança de alguns países da Ásia passou-se a praticar o que lá é chamado de “capitalismo de capangas, de irmãos no crime ou coisa de bandidos”. Uma espécie de “economia de mercado para os apaniguados”, comparou o ex-presidente do Banco Central.

Uma das consequências ruinosas foi o petrolão, “a face mais hedionda do fracasso de um modelo político-institucional que jamais poderia acontecer num país que se julgava abençoado”, observou.

Professor de economia na PUC-RJ e autor de vários livros, Franco admitiu que “esta etapa está no fim e uma profunda reforma na economia está começando, pois o Brasil tem conserto”, indicando que a situação atual “não é tão séria quanto a de 1993, quando a inflação chegou a 40% ao mês e os bancos públicos e privados estavam quebrados”.

Ele frisou que a lógica da administração pública é buscar novos rumos, alertando que “o governo Temer terá a energia necessária para encerrar uma etapa e começar outra, contando com o otimismo e a confiança dos empresários”. Todavia, advertiu que “as coisas devem ser feitas uma de cada vez, pois nada acontece do dia para a noite”.

Com a indicação de Henrique Meirelles para a economia, cria-se a expectativa favorável de que “sem mágicas e com muita paciência teremos o fim da irresponsabilidade fiscal e das aventuras que levaram o país ao buraco”, concluiu.

A propósito da construção da terceira pista no Aeroporto Afonso Pena, o conselheiro Walmor Weiss lembrou que a ideia nasceu na ACP, há cerca de 30 anos, quando o atual vice-presidente e coordenador do Conselho Político, Sinval Lobato Machado, fez um primeiro contato com o então ministro Marco Antonio Maciel e liderou uma comitiva de empresários paranaenses que foi a Brasília, para as primeiras conversações sobre o tema com autoridades federais do setor aeroportuário.

Compartilhar