Mercado de carbono: uma grande oportunidade para o agro brasileiro

Por Reinaldo Bonnecarrere, Diretor de Biológicos na Indigo

A regulação do mercado de carbono do Brasil é um tema cada vez mais robusto e importante. De acordo com o estudo Oportunidades para o Brasil em Créditos de Carbono, lançado em novembro 2022 pela ICC Brasil – Câmara de Comércio Internacional –, o país tem potencial para suprir, na próxima década, de 5% a 37,5% da demanda global do mercado voluntário. O Brasil atualizou suas metas climáticas estabelecendo compromissos de reduzir suas emissões em 50% até 2030, em relação ao ano de 2005. 

Na indústria agrícola, o tema é primordial para traçar uma jornada sustentável e que traga investimentos importantes para o setor e para o país. Cada vez mais especialistas afirmam que a precificação do carbono tem, entre suas finalidades primordiais, incentivar a remuneração de agricultores que adotam boas práticas. Reduzir a emissão de gases, como também neutralizar a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, enquanto se enriquece o solo, são práticas benéficas e que já se fazem necessárias.  

 Quando falo em uma agricultura mais sustentável e produtiva, destaco soluções tecnológicas que monitoram os níveis de carbono do solo. Essa proposta é fundamental para o desenvolvimento do mercado de créditos de carbono. Os 3.600.000.000 hectares de áreas de plantio do mundo oferecem a oportunidade mais imediata, escalável e acessível para remover o dióxido de carbono da nossa atmosfera.  

 No mercado internacional, essa oferta de tecnologia e suporte aos produtores para adoção de práticas de agricultura regenerativa já avança. Vale lembrar que, no ano passado, 20.000 créditos de carbono agrícola certificados, gerados em escala, foram anunciados, nos EUA. O montante era o correspondente à maior emissão de crédito agrícola já realizada na história. Trata-se apenas da primeira em um crescente mercado voluntário de carbono que, segundo especialistas, deve chegar a US$ 50 bilhões até 2030, o equivalente a quase 269 bilhões de reais considerando o valor do câmbio atual.  

 Quando levamos em consideração que cada crédito de carbono é equivalente a uma tonelada de carbono que não foi emitida ou que foi retirada da atmosfera, dá para entender ainda melhor a dimensão dessa conquista para o presente e o futuro do planeta. Com o avanço nas métricas para mensurar esse carbono que será convertido em crédito, teremos a longo prazo um cenário mais amplo e de acordo com as necessidades preconizadas mundialmente no setor agrícola brasileiro.  

É o início de uma nova abordagem para o tema do carbono que, além dos benefícios climáticos, se torna uma fonte de receita aos produtores. O Brasil está, definitivamente, no radar estratégico das grandes empresas fornecedoras de serviços e soluções que agreguem os elos da cadeia. O Brasil tem tudo para liderar e ocupar o merecido lugar de protagonista que lhe cabe nessa frente. 

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Seja o anjo de mais de um unicórnio investindo em startups de venture builders

Por Ana Debiazi, CEO da Leonora Ventures 

Para colocar uma ideia inovadora em prática, não basta apenas ter dinheiro em jogo. Contar com equipe capacitada para dar os primeiros passos e uma rede de pessoas experientes no mercado é tão importante quanto. Na verdade, são diferenciais certeiros para guiar a startup rumo ao crescimento. É justamente aqui que entram as venture builders – instituições com foco na construção e no desenvolvimento de ideias e negócios escaláveis. Resumindo: empresas especializadas em criar empresas. 

Para se ter uma ideia, 60% das startups criadas dentro de venture builders chegam às rodadas de investimentos de series A, segundo um estudo da GSSN (Global Startup Studio Network), a mais renomada rede de startup estúdio do mundo. Somente 1,5% das startups brasileiras conseguiu chegar a esse nível e apenas 1,7% levantou US$ 5 milhões ou mais. Ainda de acordo com o estudo, startups fundadas dentro de VBs chegam duas vezes mais rápido ao series A

No Brasil e no mundo, o conceito de venture building ainda é novo. Além disso, existem diferentes metodologias e níveis de atuação. O caso mais comum é o trabalho ao lado do empreendedor no dia a dia do negócio, que atua desde as etapas iniciais de validação e construção de produto, provendo estrutura para o início e recursos financeiros para alguns desenvolvimentos tecnológicos de validação, até a definição da governança e liderança nos processos de captação. 

Como se vê, uma venture builder não deixa a “peteca cair” junto dos empreendedores, pavimentando o temido vale da morte com processos de alavancagem validados pelo mercado. Dessa forma, o investidor tem seu risco mitigado, sabendo que há no dia a dia das startups investidas uma equipe dedicada a fazer seus negócios crescerem rapidamente e de forma estruturada. 

Mas a pergunta que não quer calar é: como saber o jeito certo de investir nesse modelo? Conhecer a metodologia que a venture builder está utilizando é a primeira etapa. Avaliar os cases de sucesso, e não apenas os exits, as taxas de crescimento de cada startup no portfólio, conhecer a equipe, os indicadores e as métricas utilizadas para o acompanhamento de cada startup também são etapas fundamentais. 

Quando há uma grande empresa constituidora de uma venture builder, os riscos são ainda mais mitigados, pois as startups poderão testar suas teses e fazer suas PoCs (Proof of Concept, em português, provas de conceito) junto à corporação. Assim, a chance de alcançar um exit via M&A aumenta significativamente, já que boa parte do portfólio será dedicada às dores e aos horizontes da organização e do seu ecossistema. 

Nenhuma rodada de investimentos será aberta sem a devida necessidade, sem o valution correto e a perspectiva de prazo de gasto do investimento. Vale lembrar que a equipe da VB é responsável por acompanhar os gastos realizados pela startup com o investimento e a prestação de contas junto aos investidores. Tudo é responsabilidade conjunta da venture builder com os sócios-fundadores. 

Investir em uma startup significa apostar em um novo negócio, atuar como mentor para ajudar essa empresa a seguir o caminho certo e, claro, abrir portas de compradores e parceiros para contribuir com o seu crescimento. 

Quando um investidor se associa a uma CVB/VB, ele terá participação em todas as startups do portfólio, que deve variar, em média, com dez novas investidas por ano. Ou seja, um portfólio diversificado, que diminui o risco de perda e aumenta as chances de ganho. Esse é o grande diferencial em cena que traz mais confiança a todos os envolvidos nas operações. 

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Substituição de protótipos físicos pelo gêmeo digital

Por Todd Tuthill, vice-presidente de estratégias para o setor aeroespacial e de defesa da Siemens Digital Industries Software
 
Desde a sua criação, o gêmeo digital provou ser uma ferramenta revolucionária de projetos para a indústria aeroespacial e de defesa (A&D). A capacidade de desenvolver e testar novos produtos usando modelos virtuais (gêmeos digitais) antes de produzi-los fisicamente economiza tempo e dinheiro valiosos das empresas. Os gêmeos digitais são usados durante todo o ciclo de vida do programa e reduziram a dependência de protótipos físicos. Porém, quando poderemos parar totalmente de construir protótipos?
 

Ainda existem vários obstáculos no setor de A&D que impedem a substituição dos protótipos físicos pelo gêmeo digital abrangente. Esses obstáculos incluem questões relacionadas principalmente à cultura, processos e tecnologia.
 

Pra começar, imagine ouvir em seu próximo voo comercial: “Bem-vindo à Companhia Aérea Autônoma. Este é o nosso voo inaugural sem piloto.” Então você ouve a mensagem de boas-vindas do piloto de uma voz que se parece com o assistente do seu celular. A maioria de nós soltaria o cinto de segurança e sairia do avião.
 

A tecnologia que permite o voo comercial sem presença de piloto já existe, mas ainda não foi certificada e, o mais importante, ainda não é culturalmente aceitável. Noventa por cento do voo comercial é realizado por um computador, mas nós nos sentimos muito melhor sabendo que um piloto humano real está lá para assumir o controle se o computador cometer um erro.
 

Nós, como pessoas, teremos que criar confiança nas aeronaves autônomas em etapas metodológicas cautelosas. E não será diferente com o gêmeo digital abrangente. Engenheiros, líderes de programas e agências reguladoras terão que aprender a aceitar gêmeos digitais como protótipos, começando com sistemas menos complexos, como placas de circuito e suportes de trem de pouso, e ampliando gradualmente para modelos completos de aeronaves.
 

Isso exigirá uma mudança em nossos processos relacionados a protótipos e gêmeos digitais. Atualmente, os engenheiros constroem um gêmeo digital para modelar o que esperam do hardware físico. Os gêmeos digitais permitem “voar antes de construir”. Em seguida, eles constroem e testam um protótipo físico do hardware em questão e usam os dados coletados desses testes para validar seu gêmeo digital. Esse tipo de processo vê a verdade na peça física, não no gêmeo digital. Para substituir os protótipos físicos, os engenheiros, líderes de programas e agências reguladoras precisam acreditar que o gêmeo digital é a verdade, evitando a necessidade de testes de validação com o hardware real.
 

Os engenheiros já possuem ferramentas e software para replicar sistemas complexos virtualmente. Mas, a integração desses sistemas simulados deve continuar melhorando. Adicione essa integração à simulação perfeita e pronta para uso, com a fidelidade certa, operando em tempo real, e a confiança no desempenho do gêmeo digital aumentará significativamente. Validar e otimizar continuamente esses gêmeos digitais com dados e insights de testes físicos fornecerá a fidelidade e a confiança necessárias para permitir a modelagem e a validação de sistemas muito complexos que ainda precisam ser construídos no mundo físico.
 

A substituição de protótipos físicos por gêmeos digitais exige líderes visionários em todo o nosso setor que acreditam que isso pode ser feito, que podem inspirar suas empresas a acreditar nisso também. Obstáculos na cultura, processos e tecnologia podem impedir essa substituição agora, mas serão superados com o tempo, e os protótipos físicos seguirão o mesmo caminho das réguas de cálculo e fitas 8-track.

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Para a evolução do data center em 2023, eficiência é fundamental

Por John Schmidt, vice-presidente para a área de soluções de conectividade para edifícios e data centers da CommScope

Nos últimos anos, condições sem precedentes surgiram nos negócios em todos os setores, mas entre os mais afetados estão os serviços em nuvem executados pela rede global de data centers. O modelo de negócios mudou para se ajustar às novas realidades e atender às novas obrigações. Extrapolar essa história recente para um futuro próximo é, na melhor das hipóteses, um exercício incerto.

Contudo, existe um grande interesse em ter uma perspectiva mais clara possível, pois mais atividades do mundo dependem dos serviços em nuvem e, consequentemente, da operação dos data centers. Se há uma coisa que sabemos sobre o futuro é que a nossa dependência deles vai aumentar.

Combinação de desafios sem igual

O problema é que, nos últimos anos, os parâmetros de referência continuam mudando rapidamente. Primeiro, o mundo foi abalado pelas restrições globais impostas pela COVID-19 que fizeram que, da noite para o dia, a nova realidade de centenas de milhões de pessoas fosse trabalhar e estudar em casa. Essa mudança colocou uma pressão imensa nos data centers que passaram a ter que lidar com vídeos, que usam maior largura de banda, e outras aplicações em nuvem em uma área mais amplamente distribuída.

Depois vieram as interrupções na cadeia de suprimentos e a escassez de mão de obra em todo o mundo, dificultando para os data centers a geração de capacidade adicional, porque eles não conseguiam encontrar os componentes essenciais ou pessoas qualificadas para a instalação e operação desses componentes.

E, mais recentemente, a inflação global e o aumento dos preços da energia, agravados pelo conflito na Ucrânia, forçaram empresas e nações a reorganizar suas cadeias de suprimentos e fazer ajustes para continuar operando com custos de energia persistentemente elevados.

Note que esses são eventos mundiais que nem mesmo são exclusivos do setor de data centers. Além disso, o crescente papel social e comercial do processamento de back-end do data center e do armazenamento também trouxeram muitos desafios.

Fazendo mais, em mais lugares, com margem de erro menor

Pense em todas as novas aplicações que dependem do suporte de um data center adequado e confiável para operar. Por exemplo, o pedido feito para o restaurante local por meio de um aplicativo móvel, robôs de alta velocidade em um depósito que coletam seu pedido online minutos depois de você clicar em “Finalizar pedido” e até o veículo equipado com assistência de direção passando na via expressa perto de você. A velocidade e o volume de dados gerados, processados e transportados por esses aplicativos e tantos outros estão crescendo exponencialmente. O mundo não pode arcar com tempo de inatividade do sistema, não importa se a consequência é um pedido de almoço atrasado ou o total comprometimento da eficácia de um sistema de assistência de direção conectado à rede 5G.

A rede 5G de baixa latência está disponibilizando a largura de banda e, igualmente importante, a baixa latência, que são necessárias para a operação de muitas dessas novas e incríveis aplicações. Tudo isso é canalizado para os data centers, que estão sendo movidos para a borda da rede para reduzir preciosos milissegundos do relatório do tempo de resposta (RTR, na sigla em inglês).

A eficiência energética impulsionará a evolução do data center em 2023

Para todos os ambientes do data center, a eficiência não é tanto uma métrica de lucratividade, mas sim uma métrica de sobrevivência. Seja um data center multi-inquilino (MTDC – multi-tenant data center) de porte pequeno a médio ou uma implementação grande em nuvem ou hyperscale, as pressões intensas e simultâneas relativas à demanda e despesas determinarão o seu futuro, principalmente as despesas com energia.

Em resumo, os data centers devem aumentar a eficiência da sua entrega de serviços, usando fibra e infraestrutura baseada na borda (Edge), aprendizado de máquina (ML) e inteligência artificial (IA). Além disso, devem aumentar a eficiência operacional — e isso significa reduzir o uso de energia por unidade de poder computacional.

Com certeza, o custo é o fator mais óbvio ao avaliar a eficiência energética, mas não é o único. Veja como os clientes e investidores estão mais atentos à forma como seus parceiros corporativos obtêm e usam a eletricidade. Algumas áreas metropolitanas estão comunicando aos data centers que, além das preocupações com a aparência, o ruído e o uso de água dos data centers seus negócios, que requerem alto consumo de energia, não são desejados. E, em alguns casos, a área não tem capacidade de rede elétrica disponível para recebê-los.

Neste início de 2023 vemos preocupantes manchetes na Europa e em outros lugares sobre frequentes apagões e aquecimento insuficiente, tornando os pareceres regulatórios e a opinião da sociedade ainda menos favoráveis aos desenvolvedores de data centers. Por tudo o que foi exposto, a eficiência energética deve ser colocada como prioridade máxima e os data centers devem fazer atualizações críticas com urgência, como:

  • Utilização de mídias mais eficientes para o storage (armazenamento), tomando como base o tempo de acesso.
  • Uso de análises detalhadas para identificar oportunidades nas áreas de storage, computação e consolidação de energia.
  • Implementação de sistemas UPS ultraeficientes.
  • Reavaliação dos limites térmicos do próprio data center.
  • Consideração de colocation para compartilhar os custos de eletricidade e comunicações.
  • Avaliação da sobrecarga na rede elétrica atual e migração para uma energia mais sustentável, localizada no data center.

Em um nível mais estratégico, mover os data centers para a borda da rede, conectados por fibra de alta velocidade, pode melhorar a eficiência energética e a latência. Além disso, considere locais onde há acesso a fontes de energia renováveis, como eólica, solar, hidrelétrica ou nuclear.

Para os grandes data centers em nuvem e em hyperscale, existe a oportunidade de aproveitar a energia gerada localmente tanto para alimentar o data center, quanto para se for gerado excesso de energia, fornecer de volta à rede.

A eficiência que impacta no cotidiano

Embora muitos não valorizem o amplo impacto social e comercial que os data centers exercem no mundo, vale a pena lembrar como o armazenamento e o processamento de dados de maneira rápida e confiável têm impacto direto em diversos aspectos do nosso dia a dia e, por que não dizer, das nossas vidas.

Por exemplo, todos os dias, os serviços em nuvem processados pelos data centers ajudam:

  • Funcionários a se conectarem uns com os outros e trabalhar com eficiência em suas casas, escritórios ou em viagens.
  • Agricultores a planejar, plantar e colher safras mais saudáveis, reduzindo o desperdício de água e o uso de produtos químicos.
  • Fábricas a construir, estocar, gerenciar e enviar produtos usando robôs, que evitam inúmeros acidentes e lesões no local de trabalho.
  • Pessoas comuns a criar conteúdo expressivo que conecta indivíduos em uma escola ou ao redor do planeta em jogos, redes sociais e metaverso.
  • Provedores de serviços a transmitir todos os tipos de conteúdo de entretenimento e informações para residências, notebooks e dispositivos móveis em uma malha integrada de conectividade.

Todos esses exemplos, entre muitos outros, mostram como a eficiência em nossa vida diária depende dos data centers e, por sua vez, isso mostra como a eficiência energética será importante para os data centers em 2023 e mais além.

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Inteligência Artificial: ChatGPT e os impactos para a rotina das empresas e à experiência dos clientes

Por Sandra Maura, CEO da TOPMIND 

Em um mundo cada vez mais dinâmico, as tecnologias digitais se transformaram em ferramentas fundamentais para ajudar as empresas em busca de seus objetivos de negócios. Nesse contexto, como bem mostrou o fenômeno do ChatGPT, conceitos como Inteligência Artificial (IA), Machine Learning (Aprendizado de Máquina) e soluções de automação baseadas em recursos de processamento de linguagem natural (NLP – de Machine Learning (Aprendizado de Máquina) e soluções de automação baseadas em recursos de Natural Language Processing, em inglês), entre outras, estão trazendo novas oportunidades para que as organizações possam criar processos para aprimorar os insights e a eficiência de negócios. Mas o que isso significa na prática para as operações? 

Um bom exemplo é a automação de processos que, além de impactar positivamente as operações, também pode ser a chave para a transformação da experiência dos usuários – sejam eles consumidores ou colaboradores. Essa possibilidade se dá por meio dos recursos e algoritmos de Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina que, basicamente, são capazes de se aprimorar com o passar do tempo e podem ser usados para solucionar problemas complexos que precisam de processamento de dados em grande escala. Isto inclui chances para melhorar a detecção de fraudes, o roubo de dados e a previsão de preços de ações, gerando maior valor agregado. Ou, ainda, para agilizar os atendimentos aos clientes, com a aplicação de robôs e soluções de IA para oferecer maior agilidade no suporte técnico (levando respostas mais rápidas e precisas), bem como para se criar conversas cada vez mais fluídas e assertivas, com a adoção de chatbot adaptáveis. 

A Inteligência Artificial oferece grandes possibilidades de crescimento para os negócios ao fomentar o desenvolvimento de soluções baseadas em habilidades humanas, como o pensamento lógico. Para se ter uma ideia, o Gartner estima que, nos próximos cinco anos, os chatbots e as soluções de assistentes de atendimento virtual aos clientes (VCAs – de Virtual Customer Assistants em inglês) se tornarão o principal canal de atendimento a consumidores de pelo menos um quarto das principais organizações globais.  

De fato, os serviços baseados em Inteligência Artificial e com objetivo de automatização, como o ChatGPT, podem proporcionar ao setor corporativo diversos benefícios para aprimorar a experiência dos usuários, tornando-a mais intuitiva, rápida e agradável. A aplicação de mensagerias e atendentes virtuais, por exemplo, pode ser realizado não apenas no contato com os clientes finais, mas também internamente, em sistemas de RH, comunicação diária e espaços digitais de ‘tira-dúvidas’ da organização, entre outros.  

O ponto é que a Inteligência Artificial – e o Aprendizado de Máquina – pode gerar ganhos práticos de imediato, principalmente quando usada para eliminar tarefas repetitivas, como processamento de documentos, execução de transações financeiras e outras atividades de back-office. Outro uso importante a implementação em projetos de Internet das Coisas, simplificando a comunicação entre máquinas e a gestão de ambientes. Essas soluções, portanto, podem ajudar elevar o potencial de controle e monitoramento de redes complexas, proporcionando a otimização desde linhas de fabricação hiperconectadas até a automação de escritórios em empresas dos mais diferentes setores, tornando os espaços mais inteligentes e agradáveis.  

Algumas das principais aplicações de IA, nesse campo, incluem a ampla visibilidade dos dados e o controle para evitar o desperdício de recursos (e informações) importantes, devido à falta de controle e gestão. É possível manter e simplificar processos desde a liberação de equipamentos e salas de reunião até o acompanhamento de métricas e relatórios de satisfação dos clientes ou colaboradores atendidos. A inovação trazida por essa gama de soluções inteligentes é a maior capacidade de processamento e análise de informações, permitindo que a tomada de decisão seja mais rápida e eficaz.  

Da mesma maneira, as soluções de automação inteligente podem ser usadas para prever tendências e aperfeiçoar os processos, assim como prever demandas futuras. Isso possibilita a redução do consumo de receitas e tempo, assim como incentiva que seus colaboradores se concentrem em tarefas mais importantes. No âmbito do atendimento aos clientes, sua implementação diminui a ocorrência de erros e melhora a qualidade das interações ao fornecer informações úteis e reduzir o tempo de espera.  

No caso da gestão de suporte técnico, a Inteligência Artificial pode usar técnicas de Machine Learning para identificar padrões nos dados de atendimento e identificar os motivos mais comuns de solicitações de reparos. Assim, é possível não apenas fornecer respostas padrão para problemas comuns dos usuários, como também mostrar às equipes onde estão os pontos que exigem o real foco para o desenvolvimento de novidades que ajudem na correção de eventos críticos.  

Por outro lado, como também tem sido discutido no caso do ChatGPT e outras ferramentas, existem alguns desafios associados à Inteligência Artificial. O maior deles, agora, é garantir que os dados não sejam roubados ou maculados, e nem que os algoritmos sejam manipulados com o objetivo de produzir resultados imprecisos ou injustos. Para driblar esses riscos, inclusive, é sempre extremamente recomendável que as companhias procurem parceiros com experiência na implementação de projetos desse tipo, o que ajudará a mitigar ameaças e agilizar ainda mais os resultados a partir dessas soluções.  

Por ser uma área em desenvolvimento e rápida evolução, é vital que as empresas contem com times sempre atualizados e bem apoiados para garantir o bom funcionamento dos sistemas. Afinal de contas, o grande objetivo da inovação tecnológica é simplificar o dia a dia das pessoas. E nesse ponto, não resta dúvida de que a Inteligência Artificial tem tudo para ser a chave do futuro e da otimização das tarefas. A IA é o futuro, mas a verdade é que, quem estiver pronto para iniciar essa jornada agora, certamente irá garantir vantagens já no presente.  

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A cultura maker e o avanço tecnológico que põe a criatividade a serviço da sociedade

Por Sylvio Mode, presidente da Autodesk

O que a cultura maker e o avanço da tecnologia têm em comum? Nunca foi tão fácil ser um criador de novos produtos, obras, entre tantas outras invenções, percorrendo todo o ciclo, da ideia à produção. Graças às novas e sofisticadas soluções disponíveis, arrisco a dizer que o Fenômeno Maker representa uma nova fronteira para a produção de bens e serviços, ao combinar design, engenharia e fabricação em um único ambiente conectado, e disponibilizá-lo a baixíssimo custo para qualquer interessado.

E vamos além, com o avanço da internet, popularização dos kits de prototipagem eletrônica e as fantásticas impressoras 3D, muitas pessoas já argumentam que o movimento maker representa uma nova fase da produção industrial. Os números indicam um progresso nessa direção.

Dos mais de mil FabLabs — espaços nos quais qualquer pessoa pode ter acesso aos meios mais modernos de fabricação de produtos – espalhados ao redor do mundo, cerca de 60 se encontram no Brasil.

Centenas de milhares de pessoas hoje formam uma comunidade unida pela paixão por criar e encontrar soluções inteligentes que de fato façam diferença para a sociedade, independente do segmento que estejam. São entusiastas da tecnologia, engenheiros, educadores, estudantes de todas as idades, pessoas comuns que além de serem inventores, compartilham suas criações e experiências via inovação aberta.

E no fim, todos saem ganhando com esse avanço e transformação digital. Do pequeno ao grande negócio, artistas, hobbistas, e qualquer pessoa com espírito inventor. Todos se beneficiam com a capacidade de associar tecnologia à criatividade.

Nós, enquanto empresa provedora de tecnologia, seguimos apoiando essa jornada, conectando fluxos de trabalho e processos para impulsionar novas formas de criar por meio de modernas soluções. Um exemplo é o Autodesk Fusion 360: uma plataforma de software de modelagem 3D, CAD, CAM, CAE e PCB, na nuvem, para projeto e manufatura de produtos. Somos privilegiados por promover esses avanços, acompanhar e incentivar a Cultura Maker, e acreditamos que a criatividade e o ‘espírito inventor’ pode e deve ser incentivado desde cedo. Pensando nisso, temos também uma solução online chamada Tinkercad, que roda em qualquer computador e cuja interface foi pensada para usuários iniciantes e crianças. 

Ao mergulhar nesse universo, para entender quem são os “profissionais artistas” que fazem tudo isso acontecer, me surpreendi. Trata-se de uma tendência que está revolucionando a forma em que projetos são pensados e executados, e vi coisas incríveis! Criação de brinquedo inclusivo projetado por estudantes, carros elétricos, projetos para a mobilidade inclusiva, residência impressa, próteses, implantes médicos ,entre tantos outros projetos criativos.

Mais que criar soluções novas para problemas antigos, vemos pessoas inventando modelos de negócios a partir da filosofia do “Faça Você Mesmo”. Soube recentemente de um empreendedor em São Paulo, cujo negócio é personalizar motos. Para que seu trabalho estivesse acessível a qualquer entusiasta das duas rodas, ele criou um kit de personalização em escala industrial para poder atender essa demanda. Tudo projetado no Fusion 360 e impresso em 3D.

Tudo leva a crer que o futuro será ainda mais promissor e as novas gerações terão esta revolução tecnológica como parte integrante de seu dia a dia. E a prova disso são os FabLabs que já estão implantados em escolas. Isso sem dúvida será determinante para que a próxima geração seja estimulada à criatividade, a partir dela ao empreendedorismo, trazendo conceitos abstratos para o plano concreto, e literalmente ‘inventando’ um mundo melhor.

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Quatro maneiras de utilizar a inteligência de dados para o crescimento dos negócios

Por Cristiano Nobrega, cofundador e CEO da Tail by TOTVS

Trabalhar com inteligência de dados não é mais uma tendência futura e sim uma realidade para qualquer negócio. Conforme a tecnologia avança, cresce também a quantidade de dados gerados. E quanto maior o número de informações processáveis, maior a necessidade de usá-las de maneira inteligente, como aliadas dos negócios. No mundo corporativo, as decisões data driven (direcionadas por dados) são cada dia mais frequentes e trazem resultados mais precisos e produtividade na hora de definir estratégias e direcionar as ações.

Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido nessa frente. A pesquisa Tendências em Tecnologia, realizada pela TOTVS e a H2R Pesquisas Avançadas, ouviu mais de 400 empresas brasileiras durante o Universo TOTVS 2022 e constatou que apenas 5% das companhias acreditam fazer bom uso da inteligência de dados em seus negócios. Mais da metade dos entrevistados, 52% deles, afirmam, ainda, que estão longe de utilizar na prática soluções desse tipo. Um outro dado também demonstra o quanto as empresas estão longe de conhecer sua audiência: 43% dos participantes disseram que empresas ainda não conseguem capturar padrões e hábitos de consumo dos clientes gerados pelos canais de comunicação e de vendas.

Diante do imenso volume de informações geradas, utilizar comercialmente estes dados dentro dos parâmetros da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é fundamental para entender melhor a jornada dos clientes e direcionar estratégias para expandir os negócios. Ou seja, o uso inteligente dos dados pode potencializar a estratégia e a receita. No episódio “Inteligência de dados: a nova mina de ouro”, do podcast Antes Tech do que Nunca, eu falei sobre as ferramentas disponíveis que podem ser adotadas para uma estratégia de marketing mais eficaz. Destaco alguns recursos que podem auxiliar as empresas a estruturarem ou otimizarem seu trabalho de inteligência de dados.

1. Jornada do consumidor

Sua empresa atende pessoas mais jovens ou mais velhas? Elas consomem mais presencialmente ou online? Os consumidores costumam priorizar a praticidade ou pesquisam muito antes de decidir qual a melhor opção de compra? Se você não soube responder ao menos uma dessas perguntas, é sinal de que é preciso usar melhor os dados a seu favor. Eles vão te dizer exatamente qual é o comportamento dos seus clientes, com possibilidade de identificar tendências de acordo com idade, gênero, região onde vivem, entre outras. Interpretados da maneira correta, eles te guiam a direcionar melhor o seu trabalho de marketing, entender os anseios dos seus stakeholders e qual processo eles seguem até finalizar uma compra.

2.    Otimização de campanhas

Falando em marketing, as campanhas que sua empresa desenvolve também podem ser otimizadas com o trabalho de inteligência de dados. Ao identificar as tendências de vendas e do comportamento dos clientes, é possível direcionar uma campanha para determinado produto, ou saber quais são os dias mais propícios para atingir o público, entre uma série de outras dinâmicas. Isso ajuda a melhorar a produtividade da equipe, direcionar melhor os recursos e atingir seu público-alvo com mais precisão.

3. Enriquecimento de dados

Com uso inteligente dos dados já implantados, é possível torná-los ainda mais valiosos ao cruzar as informações que você já tem com as de outros bancos de dados, como órgãos públicos, instituições de crédito e análises de padrão de comportamento. Dessa forma é possível construir um perfil completo sobre os consumidores e ser mais preciso ao se relacionar com ele e até mitigar eventuais riscos de inadimplência, sem ficar restrito somente à maneira como eles se relacionam com seu negócio.

4. Audience marketplace

Além de todos os benefícios mencionados que impactam diretamente o core business, os dados geridos de maneira inteligente ainda podem gerar um ativo para a companhia, pois já há a possibilidade de vender e comprar informações de audiência de maneira legal e respeitando a LGPD. Isso possibilita obter informações que auxiliam no direcionamento de campanha e aumento de vendas, como também pode ser uma fonte adicional de renda que pode representar uma adição importante no faturamento.

As opções para trabalhar a inteligência de dados são diversas e seus benefícios também. Mas a jornada de processamento, análise e uso deles deve sempre atender às determinações legais. Respeitar o direito à privacidade de seus clientes também é usar os dados de forma inteligente. Com isso em mente, é chegada a hora de utilizar os dados a seu favor e torná-los aliados. Alternativas para fazer isso não faltam.

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Evolução: as grandes tendências tecnológicas para 2023

Por Roger Finger, Gerente de Inovação Tecnológica da Positivo Tecnologia

O ano de 2022 se aproxima do fim. Nestes doze meses, a sociedade viu continuados avanços no campo tecnológico, em diversas áreas simultaneamente, como Internet das Coisas, Computação Quântica, Inteligência Artificial, Automação e Realidade Aumentada.
 

A constante evolução dessas tecnologias e o desenvolvimento de novas formas para utilização de itens que víamos inicialmente como básicos, nos dão a oportunidade de pensar quais serão as grandes tendências tecnológicas para 2023, um ciclo que promete mudanças não apenas no mundo real, mas também no ambiente virtual.
 

Um departamento no qual esse salto poderá não ser “perceptível a olho nu” é o das nuvens. É um assunto que já estamos ouvindo falar há muito tempo, mas a computação em nuvem vem se consolidando como alternativa corporativa e de experimentação. E voltando para mais perto de nós.
 

De acordo com a consultoria McKinsey & Company, desde 2019 as “Nuvens Híbridas” (o uso conjunto de nuvens públicas e privadas) em ambientes corporativos crescem em ritmo acelerado, com um mercado de $300 bilhões em investimentos em serviços de nuvem, com 90% dos usuários em geral e 80% das empresas usando nuvens híbridas, com a expectativa que essa participação cresça ainda mais em 2023.
 

Com o estabelecimento de regulamentos e leis sobre o uso de dados em mais de 60 países, incluindo o Brasil, além da necessidade cada vez maior da força de computação e volume de dados, a computação em nuvens híbridas se tornou uma alternativa devido a maior segurança e menor latência, com 26% dos servidores privados sendo usados na computação de borda, mais próxima das empresas e usuários finais, ainda de acordo com levantamento da McKinsey.
 

Além do crescimento das nuvens híbridas, uma novidade aqui são as Multiclouds: o uso de diversas nuvens públicas por meio de diferentes fornecedores sob uma única arquitetura de dados, possibilita assim não apenas o aumento da eficiência, mas também a redução no custo da infraestrutura.
 

Ao mesmo tempo que a nuvem ganha mais espaço, a Inteligência Artificial se posiciona para estar em todo globo terrestre, cada vez mais, tendo como o carro-chefe dessa expansão as IAs Generativas, atualmente vistas em experimentos artísticos, e cada vez melhores nessa questão. Diga-se de passagem, no âmbito industrial, essa tecnologia, além de ser mais rápida e barata, pode ser usada de múltiplas formas, não se limitando à arte, com integração à navegadores, em apresentações, ambientes virtuais para o metaverso, e também para a produção de conteúdos que não são reais, como pessoas que não existem (um exemplo é o site ThisPersonDoesNotExist), objetos, ambientes e dados que poderão ser considerados “sintéticos” quando produzidos com boas intenções, e “fakes” quando usados para outros fins.
 

Além dessa geração, os Campos de Radiação Neurais (NeRF) permitirão a criação de imagens em 3D de objetos e locais a partir de imagens reais em 2D, gerando conteúdos diversos para produção de vídeos, games, além de engenharia e design, em geral, de forma mais fácil e rápida. Também serão cruciais no desenvolvimento de “digital twins”, representações virtuais que auxiliam na otimização de processos industriais e corporativos, outra tendência que se fortalecerá em 2023.
 

Conjuntamente a esses avanços, a Computação de Alta Performance (HPC) ganhará escala, podendo chegar a um mercado de $47 bilhões em 2027, de acordo com a consultoria Markets and Markets Research, crescendo especialmente dentro das empresas no âmbito da ciência de dados, combinando diferentes linguagens de programação, softwares, arquiteturas de processadores e diferentes algoritmos para processar dados em várias frentes, desde o design estrutural de carros, à interação molecular na indústria farmacêutica, e esse espaço será continuamente expandido com a diminuição das estruturas necessárias para desenvolver essa tecnologia, levando para custos mais baixos o investimento total com sua implementação futura.
 

O metaverso também continuará com investimentos bilionários e constantes, de grandes nomes da indústria. Com a evolução nas capacidades de computação em nuvem andando junto com as melhoras na tecnologia háptica, permitindo assim a movimentação cada vez mais realista no universo virtual.
 

Com o desenvolvimento de avatares e gráficos ainda melhores, é possível que ambientes no metaverso se tornem mais atrativos para empresas e usuários nos próximos anos, prevendo-se que já em 2026, 25% desses usuários passem pelo menos uma hora diariamente em diferentes ambientes virtuais, de acordo com a consultoria Gartner.
 

O ano de 2023 será palco das diferentes tecnologias que irão convergir para crescerem juntas, vendo um desenvolvimento contínuo em busca de custo menor e capacidade de processamento maior. Esse ano vindouro será o início do desenvolvimento das tecnologias que estarão em voga no fim da década.

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O Reestabelecimento da Competitividade Industrial passa por Condições Adequadas de Financiamento

Por Gino Paulucci Jr, engenheiro mecânico e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ

O financiamento de longo prazo – Revisão da TLP e estabelecimento de um papel estratégico do BNDES são fundamentais para a retomada da competitividade do setor de máquinas e equipamentos.

O processo de desenvolvimento, tem como condição a existência de um eficiente sistema de financiamento isonômico, semelhante ao de países dinâmicos, elevando a participação da indústria acima de 25% do PIB, como observado no início da década de 80.

O Banco de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, a principal instituição de fomento do desenvolvimento do País, perdeu quase dois terços da sua importância em termos de desembolso de recursos, ao longo dos últimos 10 anos.

A FINAME, a primeira linha de crédito do BNDES voltada para o financiamento da aquisição e comercialização de máquinas e equipamentos de forma isolada (não integrados a projetos), de indiscutível importância para a modernização do parque fabril do País, vem sofrendo um processo de encolhimento, menos em razão do impacto da pandemia da covid-19, mas mais pelo encarecimento e pela imprevisibilidade motivados pela adoção do TLP (taxa de longo prazo) instituída pela Lei nº 13.483, de 2017.

A principal fonte de captação de recursos do BNDES é o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), remunerado pela TLP baseada na Nota do Tesouro Nacional, série B de 5 anos, o mesmo indexador pelo qual contrata suas aplicações.

No repasse do recurso ao mercado o Banco ainda cobra spread adicional e, se a operação for indireta, uma comissão do agente repassador, o que torna o custo do financiamento de tal forma elevado e incompatível como apoio a investimentos em ativos de produção por superar as margens normais de retorno das atividades produtivas.

Nesse cenário é preciso revisitar os termos que definem as taxas de financiamento praticadas pelo BNDES, devolvendo ao Banco seu papel de instituição financeira especializada no financiamento do investimento de longo prazo. É preciso reestabelecer sua capacidade de exercer políticas anticíclicas, financiar projetos infraestrutura e industrial e, apoiar a inovação e a exportação, entre outros, operando com condições diferenciadas em relação ao mercado e facilitando a realização de investimentos.

A experiência internacional pressupõe, como condição necessária para viabilizar investimentos de longo prazo, a existência de taxa de juros estável, previsível e compatível com as margens de retorno dos investimentos das atividades produtivas. Faz-se necessária, portanto, adoção de medidas que melhorem o sistema de crédito nacional.

Elencamos em seguida algumas sugestões, a saber:

  •       Alterar a Lei 13.483, de 21 de setembro de 2017 que instituiu a TLP como remuneração do FAT, estabelecendo parâmetro mais adequado às necessidades do país, onde as taxas de juros de longo prazo não concorram com as margens normais de retorno das atividades produtivas e seja previsível. Ao vincular a remuneração do funding do BNDES ao risco do tesouro a Lei tornou o preço do crédito do Banco pró-cíclico, eliminando a possibilidade de ser usado em situações de crise.
  •    Nas operações indiretas do BNDES, fixar um teto aos spreads das instituições repassadoras;
  • Priorizar a concessão de recursos públicos para empresas de pequeno e médio porte e setores estratégicos da indústria de transformação;
  • Reduzir a alíquota para 0% do IOF sobre operações de crédito, o que diminui o custo efetivo para o tomador do financiamento;
  • Flexibilizar a utilização das garantias visando elevar a ampliação do acesso ao crédito de uma forma rápida e menos burocrática;
  • Reformar as normas da CVM de emissão de debentures ao público, desburocratizando o processo e facilitando o acesso de empresas de menores portes
  • Promover ações voltadas à transição verde, que visem a criação de linhas de incentivo acessíveis para investimentos em tecnologias de baixo carbono e a criação de um pacote de apoio financeiro para a “transição verde”, de forma a permitir uma descarbonização coerente sem comprometer os negócios da indústria brasileira, em especial das MPEs (micro e pequenas empresas).

Tratam-se de medidas que possibilitarão às empresas nacionais acesso a recursos para capital de giro, investimentos, inovação e exportações a custos menores, dando a elas condições para manterem-se ativas e competitivas.

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Colaborador no centro: as tendências para o RH em 2023

Por Robson Campos, diretor de produtos RH da TOTVS

2022 foi um ano de consolidação e adaptação das novas maneiras de trabalhar, principalmente com a ampla adoção de modelos mais flexíveis de trabalho. De acordo com uma pesquisa da Catho, as vagas de emprego no formato home office cresceram 496% neste ano em relação ao primeiro semestre de 2021. Como consequência de tantas mudanças, a área de RH precisou rapidamente se adaptar para atender demandas tanto por parte dos colaboradores, como das empresas.

Diante do novo cenário no ambiente organizacional, a agenda do RH passou a ter novas prioridades, dentre elas o bem-estar, saúde emocional, segurança, desenvolvimento e produtividade dos colaboradores. Os primeiros passos foram dados com a implementação de uma série de mudanças, principalmente com a digitalização de processos antes burocráticos e a criação de iniciativas para um relacionamento cada vez mais humanizado.

Nesse contexto, a tecnologia foi fundamental, provendo ferramentas — novas ou adaptadas — para que a gestão de pessoas pudesse ocorrer de maneira adequada, facilitando processos e permitindo a criação de novas conexões no ambiente corporativo. Para 2023, o cenário não será diferente, sobretudo com a priorização de uma visão holística da jornada do colaborador. Pensando em tudo que vem pela frente, separei quatro tendências que devem movimentar os investimentos da área de RH no próximo ano:

Bem-estar e fator humano nas organizações

Já faz alguns anos que felizmente muitas empresas entenderam como é importante assumir uma postura mais humanizada com os colaboradores, provendo um ambiente mais seguro e acolhedor, com especial atenção à saúde mental dos profissionais. Isso sem dúvida foi amplamente potencializado nos últimos dois anos, tornando cada vez mais ultrapassada a ideia de que colaboradores são recursos e tomando espaço a consciência de que a empresa é um organismo vivo formado por pessoas, com desejos e necessidades próprias.

E em 2023 acredito que as corporações devem evoluir ainda mais iniciativas nesta direção. Já falei sobre isso outras vezes, mas aqui a tecnologia pode desempenhar um importante papel na humanização das relações, já que não serve mais apenas para automatizar e otimizar processos em uma estrutura “robotizada”, mas sim para gerar e oferecer dados mais inteligentes e informações mais completas e valiosas para que o RH tenha tudo o que precisa para buscar o melhor para os colaboradores e para a própria empresa.

A jornada do colaborador

Ainda relacionado ao tema anterior, em 2023 continua em destaque no mundo do RH a pauta da jornada do colaborador. Esta nova ótica valoriza cada vez mais o desenvolvimento, realização e bem-estar do profissional, entendendo que ele precisa ser acompanhado e suportado não em momentos pontuais, mas em seus diversos momentos de carreira dentro da empresa. Esse movimento deve ser reforçado cada vez mais nos próximos anos, com o aumento da presença das gerações Z e Alpha no mercado de trabalho, priorizando empresas que apresentem valores e propósitos alinhados aos seus valores e objetivos pessoais.

Assim, a tendência é de que o RH invista em ferramentas tecnológicas que suportem a avaliação e evolução individual do colaborador não só em suas atividades diárias na empresa, mas pensando em seu desenvolvimento pessoal e profissional em um ambiente que propicia o crescimento e engajamento do profissional, conectando-o também à cultura organizacional.

Valorização da intergeracionalidade


Com a tendência de envelhecimento da população brasileira, as empresas já vivenciam o crescimento do número de colaboradores mais velhos. Por isso, o debate sobre etarismo deve estar cada vez mais no centro do debate do RH. Aos poucos, empresas e colaboradores percebem que preconceitos relacionados à idade avançada são infundados e que a intergeracionalidade nas equipes traz inúmeros benefícios.

A diversidade, incluindo a etária, é fundamental para uma equipe mais criativa e enriquecedora. Independentemente da idade, quando o profissional tem curiosidade, vontade de aprender e sabe usar sua experiência profissional e de vida, sua atuação pode ser muito produtiva. Em 2023, acredito que veremos cada vez mais a valorização da intergeracionalidade nas empresas, com o crescimento de processos de recrutamento voltados para este público e atividades que promovam a integração colaboradores de diferentes faixas etárias – e aqui a tecnologia pode atuar como importante catalisadora do processo de diálogo entre gerações.

A importância do feedback

Outra temática em alta na sociedade e diretamente relacionada à gestão de pessoas é a importância do autoconhecimento. No ambiente corporativo, a constante autoanálise e reflexão é muito positiva para o crescimento do profissional, uma vez que ele consegue enxergar suas fortalezas e pontos a melhorar e, assim, delinear seus aprimoramentos e propósitos. E para que a autoconsciência seja realmente eficaz, é preciso estar abertos a escutar o outro.

Nesse processo, o feedback é algo fundamental para a construção e evolução da carreira, e por isso deve continuar sendo destaque para a área de RH. E o mais importante é que, ainda que o feedback seja um processo tradicional, criado há décadas, a tecnologia é uma grande aliada para modernizar e inovar, principalmente com sistemas de avaliação de performance. Com isso, os colaboradores se sentem mais engajados e são criadas novas dinâmicas de avaliação, como feedbacks completos, estabelecimento de metas etc.

As diversas mudanças pelas quais a área de gestão de pessoas passou nos últimos anos reforçaram seu dinamismo, uma vez que organizações e pessoas estão em constante transformação. Diante das revoluções positivas, a digitalização deve auxiliar cada vez mais nos processos e atividades estratégicas do RH. E certamente essas tendências trarão impacto na produtividade e eficiência do time e, consequentemente, impacto direto no desempenho das corporações, o que é prioritário em um contexto de crescente competitividade. Especialmente com as novas formas de trabalhar, implementadas principalmente a partir de 2020, gestores e organizações puderam contar com a tecnologia como uma importante parceira, possibilitando novos caminhos para conexões genuínas entre empresas e colaboradores.

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Tendências que devem revolucionar o setor de tecnologia em 2023

Por Stiverson Palma, CEO da Certsys.

É comum que as empresas e seus executivos busquem por informações a respeito de tendências e tecnologias para investimentos a cada fim de ano. Os profissionais da atualidade, sobretudo os líderes de negócios e de tecnologia, não podem se dar ao luxo de não estarem atentos aos comportamentos do mercado e às tecnologias que carregam grande potencial de desenvolvimento.

Uma maneira comum de se informar sobre o comportamento do mercado é se atentar a pesquisas que apontem dados relevantes, a fim de conseguir conduzir bem investimentos e decisões de negócios, garantindo um ano novo mais lucrativo e seguro. Por isso, aproveito para compartilhar algumas tendências e insights que podem ajudar a esclarecer sobre potenciais investimentos para o ano que vem.

A primeira tendência que vale ser ressaltada é a do direcionamento geral da maior parte das organizações para uma cultura customer centric. Colocar os clientes no centro dos negócios é algo que vem se tornando fundamental na existência de qualquer organização. São os clientes que detêm, verdadeiramente, o poder de estar ou não ao lado de uma marca, de engajar com ela. Para isso, é preciso investir, acima de tudo, em personalização.

A personalização permite que se crie jornadas do cliente muito mais elaboradas, únicas e próximas ao que o cliente busca em suas interações com uma marca. Para atingir isso, é preciso buscar tecnologias que permitam uma personalização em escala, como o Data Science, e que ao mesmo tempo automatizem processos longos e repetitivos, permitindo que os esforços de líderes estrategistas de negócios se foquem em ampliar o tempo de vida do cliente dentro das organizações. A hiperautomação vem facilitar, tecnologicamente, essa mudança de foco dentro das organizações.

Outro investimento importante se refere à imunidade digital. Recentemente a Gartner liberou um relatório de tendências para 2023 que aponta que as empresas que investirem na criação de imunidade digital reduzirão o período de inatividade de seus sistemas em até 80%, o que se reflete em uma maior receita. Isso também dialoga diretamente com a necessidade de investimentos em proteção de dados e cibersegurança, dado que os números de ataques para roubo de informações só crescem em todos os setores, e prometem ser ainda maiores em 2023.

Outro ponto de atenção é o dos investimentos sustentáveis. Ser sustentável já não é um diferencial, mas um pré-requisito de mercado. As empresas não lutam mais apenas por uma melhor visibilidade, mas por uma verdadeira necessidade de perpetuação do mercado. Todas as vezes que as empresas abusam do mercado, sem pensar em ser sustentáveis, o próprio mercado se regula, geralmente com impactos extremamente pesados nas empresas.

É preciso fazer mais com menos, ou ser melhor e mais eficiente sem precisar explorar mais. Não é à toa que tantas organizações sofrem com crises. Viemos de uma cultura de crescimento a todo custo, e agora o próprio mercado cobra seu preço.

Aliado a isso, podemos pensar a sustentabilidade pelo viés do TI Verde e outras iniciativas que visam usar a tecnologia de forma mais inteligente, reduzindo emissões de carbono, gastos com energia elétrica, entre outras coisas, a fim de também preservar e ajudar a restaurar o meio ambiente. A mesma pesquisa da Gartner apontou que, para os CEOs, as mudanças ambientais e sociais são uma das três principais prioridades para os investidores. É preciso focar em sustentabilidade como estratégia de negócio, para que o negócio ainda exista no futuro.

Para isso, não há mágica, mas há tecnologia. Os investimentos em nuvem, por exemplo, ajudam muito na hora de reduzir emissões, pois concentram emissões e gastos em imensos data centers, sem retirar as possibilidades de crescimento e acesso a todo tipo de tecnologia por parte das organizações. Na verdade, até facilita.

Uma outra tendência interessante está relacionada às estratégias de desenvolvimento, testagem e avaliação ágeis, algo que já não é uma novidade, mas realmente vem mudando o cenário de tecnologia, sobretudo com a criação de técnicas interessantes que agregam autonomia à agilidade como o uso de squads. Squads garantem que equipes autônomas criem produtos viáveis muito mais rápido, com olhares multidisciplinares e multiculturais extremamente valiosos para todo o contexto de desenvolvimento, seja de um software ou de um produto.

A última tendência de investimento que, de certa forma, ajuda a manter uma empresa centrada em seus clientes e a ser sustentável, é a de uma melhor coleta e tratamento de dados. Os dados são essenciais para direcionar os negócios. Eles alimentam toda nova tecnologia, sobretudo as com interações com o mundo real. Vale ressaltar que os dados ganham cada vez mais valor e permitem investimentos em ferramentas como IAs e gêmeos digitais, que são duas tecnologias de grande importância para todos os cenários futuros.

Os usos para IAs são potencialmente infinitos, já que elas servem para resolver diversos problemas de processamento e relacionamento. IAs treinadas para aprender ajudam a tirar melhor proveito dos dados coletados, promovem melhores insights em grande escala e propiciam que os dados sejam alimentados de forma mais eficiente no futuro. O mesmo vale para modelos de gêmeos digitais, que permitem que se experimente em ambientes seguros e sem grandes investimentos. Novos tipos de IAs vêm surgindo a cada dia e as utilidades para elas aumentam a cada nova ideia. Inclusive, alguns marcos legais envolvendo a tecnologia estão em pauta atualmente, justamente por seu potencial ainda precisar ser bem conhecido.

Essas são algumas ideias nas quais refletir neste final e começo de ano, espero ter ajudado a colocar em pauta na sua empresa alguns pontos interessantes que podem vir a se tornar investimentos valiosos.

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Modernização da NFS-e: suporte tecnológico automatizado menos custoso às empresas

Por Leonardo Brussolo, diretor de produtos na Sovos

De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil possui 5.570 municípios e todos eles são livres para escolher o modelo de documentação para a prestação de serviços. Diferentemente das notas fiscais de mercadoria, transporte, telecomunicação e energia, a Nota Fiscal de Serviço ainda é um modelo arcaico e não padronizado, sendo, inclusive, documentado em papel por algumas prefeituras. Esse atraso se deve ao fato de cada município ter sua própria alíquota. Cada uma criou seu próprio layout.

Nesse processo de modernização, foi criada a NFS-e (Nota Fiscal de Serviço Eletrônica), documento de existência digital, gerado e armazenado eletronicamente em Ambiente Nacional pela Receita Federal Brasileira, pela prefeitura ou por outra entidade conveniada para documentar as operações de prestação de serviços. Segundo dados do Governo Federal, atualmente, a lista de aderência à plataforma NFS-e conta com 113 entes, sendo composta por 15 capitais e 98 municípios.

Apesar da melhoria na qualidade das informações, esse tipo de nota fiscal ainda continuou mantendo o problema de sempre: a diversidade de layouts que cada prefeitura escolheu para fazer a emissão. Pensando nisso, desde 2017 vem se estudando a NFS-e modelo nacional, que tem como foco unificar e simplificar os processos de emissão e guarda desses documentos.

Neste ano, o processo do modelo nacional voltou a ser pauta com projetos criados junto ao Fisco. Com essa mudança se tornando realidade, todas as pessoas envolvidas serão beneficiadas. As empresas passam a contar com a integração dos sistemas, cuja automatização da entrada, do prestador ao tomador, será realizada diretamente pela Secretaria da Fazenda para o processo fiscal não precisar esperar a entrega da nota. Além disso, com um modelo único, a escalada de emissão de documentos se torna mais simples, fica possível fazer cruzamentos fiscais com notas de outras cidades e traz transparência ao processo com o reconhecimento do tomador de algum prestador de serviço.

As prefeituras, por sua vez, terão redução de custos já que as manutenções em sistemas de emissão passam a ser menos frequentes, sem contar o aumento da agilidade para acessar informações. Já o Fisco passa a ter mais controle do fornecimento de informações repassadas pelos municípios, ou seja, irá reduzir as práticas fraudulentas.

As empresas, principalmente aquelas que têm plantas em diversas localidades no Brasil, sempre tiveram dificuldade em operar em vários municípios, porém, com essa mudança para o modelo nacional, contarão com menos complexidade e uma escalada mais simples e rápida.

Para muitas empresas que detêm alto volume de emissão de NFS-e, esse processo será mais objetivo e as organizações poderão contar com um suporte tecnológico automatizado menos custoso. A modernização é um caminho sem volta. O que sua empresa tem feito para acompanhar essas mudanças fiscais?

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